MULHER DO REINO: O FRUTO DA MULHER DO REINO - POSSIBILIDADES - PARTE 1

 A MULHER DO REINO E SUA VIDA PESSOAL


Quando me perguntam qual é minha citação favorita de todos os tempos, sempre repito as palavras profundas de Corrie ten Boom, autora de The Hiding Place [O refúgio secreto] e sobrevivente do campo de concentração da Segunda Guerra Mundial: “Não há poço tão profundo que [Deus] não possa alcançar”. Corrie não apenas entendeu o intenso sofrimento humano, mas também teve uma vida na qual priorizou Deus acima de tudo. Foi capaz de ter acesso à paz divina em meio a um sofrimento inimaginável.
O desgosto quase sempre faz parte do pavimento da estrada de fé e da maturidade espiritual. Nem todos os que percorrem essa estrada viajam à mesma velocidade ou chegam ao mesmo destino. Creio que a resposta esteja ligada a como cada mulher não apenas aceita a fórmula de Deus, mas também coopera com ela para produzir frutos, mesmo em tempos de sofrimento. A fórmula de Deus encontra-se em João 15 e inclui poda, permanência e, finalmente, frutificação.
A frutificação
Jesus e os discípulos se sentaram em uma sala no cenáculo, em Betânia, para fazer a última refeição juntos antes da crucificação. A caminho da cidade, eles passaram pelo vale do Cedrom. Cedrom era uma terra da fantasia dos cultivadores de uvas, com videiras férteis florescendo por todos os lados.
Talvez,, ao observar as uvas saborosas que cresciam naquelas videiras exuberantes, Jesus tenha pensado em usar essa imagem retórica para um de seus ensinamentos mais tocantes. Em João 15.1-11, ele diz aos discípulos:
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda. Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim.
Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos.
Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em amor permaneço. Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa.
Uma vez que os discípulos eram judeus, ao ouvir isso eles provavelmente se lembraram de Salmos 80.8, em que Israel é comparado a uma videira que Deus transplantou do Egito à terra prometida. Havia um único problema para transferir aquela videira de lugar: ela produzia fruto azedo. Em vez de crescer como Deus planejava, os judeus se deixaram levar por sua própria justiça. Então veio Jesus. “Amigos”, ele disse, “eu sou a videira verdadeira. Vocês pensam que já viram videiras, mas não viram nada semelhante a mim. E há meu Pai; ele é o agricultor. Ele toma conta da videira”. Nessa videira, somos apresentados à vinha e ao agricultor. No versículo 2, Jesus volta a atenção para os ramos da videira. É nessa parte que você entra. Antes, porém, de analisar o significado de ser um ramo, vamos prestar um pouco de atenção ao que Jesus quis dizer quando se referiu a “todo ramo […]
em mim”. Para ilustrar meu argumento, preciso apenas me referir à instituição do casamento. Quando você se casa, entra em uma relação orgânica; você e seu marido se tornam uma só carne. Mas, conforme muitos de nós sabemos, o fato de você ter dito “sim” não resulta automaticamente em uma relação íntima e recompensadora. Não há faíscas de amor cintilando por toda a casa só porque você tem uma aliança de ouro no dedo. É totalmente possível (e muito comum) ser casado e ser infeliz.
O objetivo do casamento é, portanto, muito mais que unir duas pessoas. O casamento é uma união feita por meio de uma aliança destinada a fortalecer a capacidade de cada parceiro de levar adiante o plano de Deus em sua vida. Quando falou sobre ser um ramo nele, Jesus estava se referindo às pessoas que permanecem em uma união intencional com ele, concentradas no mesmo propósito de glorificar a Deus e o seu reino.
deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!” (Lc 10.40).
A resposta de Jesus a Marta nos oferece uma das revelações mais significativas de nosso relacionamento com Deus. Ele disse: “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (v. 41-42).
Naquela declaração, Jesus afirmou que Maria fizera a melhor escolha. O que distraiu Marta não era negativo. Na verdade, eram coisas positivas que ela estava fazendo para Jesus. No entanto, justamente as coisas que Marta estava fazendo para Jesus desviaram sua atenção de Jesus.
Marta não desobedeceu a Deus ao preparar a refeição, mas se envolveu de tal forma com ela que não aproveitou o tempo para estar com Cristo. A verdade é que o preparo da refeição foi mais importante para Marta que o desejo de estar com seu Salvador.
Quando as mulheres recorrem a mim em busca de aconselhamento em razão de problemas na vida, nem sempre o motivo é um pecado em franco progresso. Ou porque sejam pessoas perversas. Na maioria das vezes, os problemas se desenvolveram por causa da profusão de coisas boas que elas tentam realizar ao mesmo tempo, e isso desorganiza suas prioridades.
Outra dificuldade que costuma surgir é comparável ao que aconteceu com Marta. É fácil culpar Deus quando a situação se torna caótica, mesmo que esse caos seja resultado direto de muitas atividades e prioridades desorganizadas. Marta disse: “Senhor, não te importas…?”. No fundo, Marta estava acusando Deus de não se preocupar com seu trabalho árduo na cozinha. É importante não culpar Deus quando suas distrações se acumulam e criam problemas. A dificuldade de Marta não era o Senhor. Aliás, a dificuldade de Marta não era nem sequer Maria.
O problema de Marta era Marta.
Se eu fosse capaz de parafrasear a resposta de Jesus, diria mais ou menos isto: “Mude o cardápio, Marta. Se o preparo de um banquete for afastá-la de mim, faça apenas uma carne cozida”. A vida atarefada de Marta não apenas a afastou de Jesus, mas também interrompeu sua convivência íntima com a irmã, Maria. Quem sabe quantas outras coisas ou relacionamentos foram afastados de Marta em razão de suas preocupações?
Em sua realidade como mulher do reino, é importante notar que, no meio das coisas boas da vida, não se deve perder as coisas importantes. Mostre-me sua agenda e eu lhe mostrarei suas prioridades. O modo como você programa seu tempo, e também seus recursos, revela o que é verdadeiramente importante.
Se você não está cultivando seu relacionamento com o Salvador, não é por falta de tempo. É porque não prioriza o relacionamento. Se houver algo que seja importante em sua vida, você encontrará tempo para realizá-lo.
Quando nossa vida se embaraça nas coisas que nos afastam de Deus, ele costuma usar essa oportunidade ou situação para nos podar. Quero ressaltar um ponto que provavelmente você já deve ter notado. A poda machuca. Não há como contornar o fato de que, quando Deus começa a aparar algumas coisas em sua vida, o processo é muito desconfortável. Quanto mais brotos houver para ser podados, mais doloroso será o processo. Deus é sensível à sua dor? Claro. Mas ele equilibra o desconforto temporário com o benefício de longo prazo.
Lembro-me de uma visita ao médico quando meu filho Anthony era pequeno. Anthony contraíra um vírus e precisava tomar uma injeção para ser curado. O médico entrou na sala empunhando uma seringa cuja agulha, na perspectiva de meu filho, era maior que uma caneta.
— Vire de costas e curve o corpo — o médico instruiu.
Anthony olhou para mim com ar petrificado e deplorável e disse:
— Papai, não deixe que ele faça isto. Ele vai me machucar! Papaaaai!
Naquele momento, tive de me lembrar do benefício de longo prazo que contrabalançava o medo e a dor que Anthony sentiria no curto prazo. Apesar do que minhas emoções diziam, para ser um bom pai eu precisava encorajar Anthony enquanto o médico lhe aplicava a injeção. Tive de ajudar a segurar meu filho enquanto o medicamento era injetado. Suportar o processo de poda é muito semelhante a enfrentar uma agulha de injeção. E a vida está repleta de agulhas.
Temos duas opções diante de nós. Podemos sair correndo do consultório a fim de evitar as agulhas ou podemos correr em direção ao nosso Papai celestial. Veja bem, nosso Pai pode nos manter no consultório, mas só o faz porque sabe que precisamos da agulha.

Mulheres solteiras
A história de Marta e Maria é uma excelente introdução para um aspecto importante do fato de ser mulher do reino, aspecto esse que atualmente se aplica a um grande número de mulheres. Estou falando sobre ser uma mulher do reino solteira. Na passagem sobre Marta e Maria, não há nada que nos leve a acreditar que fossem casadas. Usualmente, na cultura bíblica, a mulher era apresentada mediante uma referência à sua posição na família — a esposa de ou a mãe de.
No entanto, no caso daquelas duas mulheres, nunca vimos o nome delas ligado a um marido ou filhos, o que torna a atitude de Maria de sentar-se aos pés de Jesus mais relevante do que imaginamos. Se Maria tivesse necessidade de cuidar da família e dos filhos, não teria se dado ao luxo de passar tanto tempo na presença de Cristo sem ser interrompida. Ser mulher do reino solteira implica benefícios em termos espirituais. Até Paulo notou isso quando falou das solteiras (vamos analisar suas palavras daqui a pouco). Em geral, a igreja dá mais ênfase ao casamento, e é assim que deve ser. O casamento é uma instituição divina criada por Deus para levar a efeito sua ordem soberana na terra. Por isso, muitos programas da igreja e até estudos bíblicos são destinados a pessoas casadas. Não creio, porém, que seja dada a ênfase necessária ao valor e ao significado de ser solteira.
Ser solteira e cristã é um chamado único e sublime.
A Bíblia não deixa o assunto de lado, e, neste capítulo sobre a mulher do reino e sua família, quero garantir que isso não será desconsiderado. Ao longo dos anos, tenho encontrado muitas solteiras que se encaixam em uma destas duas categorias: ou estão frustradas por ter esperado aquilo que, segundo elas, era seu verdadeiro propósito — o casamento — ou mergulharam cedo demais em maus relacionamentos e estão insatisfeitas com o que têm.
Paulo, no entanto, encoraja as pessoas solteiras a entender que podem, e devem, sentir-se satisfeitas e realizadas em seu propósito mais elevado. Paulo foi sincero: “Mas, se vier a casar-se, não comete pecado; e, se uma virgem se casar, também não comete pecado. Mas aqueles que se casarem enfrentarão muitas dificuldades na vida, e eu gostaria de poupá-los disso” (1Co 7.28). No fundo, nessa passagem, o apóstolo equiparou “dificuldades” com casamento. E ele prossegue explicando.
Gostaria de vê-los livres de preocupações. O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher, e está dividido. Tanto a mulher não casada como a virgem preocupam-se com as coisas do Senhor, para serem santas no corpo e no espírito. Mas a casada preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar seu marido. Estou dizendo isso para o próprio bem de vocês; não para lhes impor restrições, mas para que vocês possam viver de maneira correta, em plena consagração ao Senhor.
1Coríntios 7.32-35
Um dos pontos levantados por Paulo é que, no casamento, ficamos atrelados às expectativas e às necessidades da outra pessoa. Não podemos simplesmente ir aonde queremos, como fazíamos quando éramos solteiros. Tudo o que fazemos precisa passar pelo crivo de como isso pode interferir no atendimento às necessidades de nossa família. Paulo ressaltou a liberdade da vida de solteiro. Essa é uma área, creio eu, que muitos solteiros deixam de aproveitar ou de desfrutar ao máximo por desejarem estar casados. Se você é solteira, é livre.
Paulo quer que você saiba que, como solteira, tem a oportunidade única de ampliar ao máximo a ideia do céu na terra. Quando permite que o céu ordene suas ações e pensamentos como solteira, você passa a ser uma das mulheres do reino mais produtivas e importantes à disposição de Deus.
No momento em que se distrai com a ideia de que ser solteira não é uma condição gratificante —passando a desejar um companheiro e a correr atrás dele em vez de aguardar o plano de Deus para sua vida (se inclui ou não um companheiro) —, você permite que sua condição de solteira interfira no propósito divino. De fato, permite que sua condição de solteira interfira no reino de Deus e em seu próprio bem- estar, porque escolheu passar o tempo pensando em casamento, sentindo-se frustrada ou tentando criar uma forma de se unir a alguém. Deus deseja que você fique satisfeita na situação em que se encontra como solteira. Você tem a oportunidade que as mulheres casadas não têm: ampliar ao máximo seus dons, habilidades, tempo, tesouros e talentos para a glória de Deus. E mais: também tem mais tempo para sentar-se aos pés de Jesus, como Maria fez, e desenvolver um relacionamento íntimo com o Salvador.
Quando Deus criou Adão, este não tinha esposa, mas tinha um propósito. Estava tão ocupado com o propósito que Deus lhe dera que nem sequer notou que vivia sozinho e precisava de uma auxiliadora. A Bíblia diz que foi Deus quem notou isso. Deus criou Eva e apresentou-a a Adão. Adão não estava à procura de Eva.
Sob a nova aliança, não havia macho nem fêmea na equação do reino de Deus que visa promover sua glória na terra. Como solteira, você tem um propósito, e Deus a equipou com o poder de viver seu chamado nessa condição. Deus lhe dará uma companhia — como fez com Adão — se for da vontade dele. Você não precisa sair à procura de um companheiro. O que você pode fazer a fim de viver satisfeita como solteira é concentrar-se em seu propósito como filha de Deus, filha de seu reino. E nunca se esqueça de seu valor, nem aceite nada menor que ele.
Certo dia, um homem resolveu fazer compras em uma loja de antiguidades cuja proprietária pusera uma linda mesa à venda. O preço da mesa era seiscentos dólares, mas o homem imaginou que poderia pechinchar e ofereceu quatrocentos dólares. Eles começaram a conversar a respeito da mesa, e a mulher lhe informou que não aceitaria menos que o preço predefinido. Diante da insistência do homem em pechinchar, a proprietária começou a falar de todas as qualidades únicas daquela mesa em particular.
A conversa continuou por algum tempo. O homem perguntou, então, se ela aceitaria quinhentos dólares. Ela respondeu: “Não. Depois de conversarmos tanto a respeito desta mesa, lembrei-me de seu real valor. Agora, senhor, o preço é mil dólares”.
Mulher do reino solteira, você tem muito mais valor do que é capaz de imaginar. É filha do Rei; tem um chamado único e uma posição única para viver consagrada ao Senhor como uma de suas principais agentes, a fim de promover o reino dele na terra. Trata-se de um chamado sublime, e Deus a capacitará a viver de acordo com esse chamado. Nunca esqueça seu valor. Nunca aceite ser menos do que verdadeiramente é.

Permanência
Alguns anos atrás, quando preguei pela primeira vez uma mensagem sobre “permanência” à minha congregação em Dallas, queria ilustrar como é importante permanecer em Cristo, conforme lemos em João 15. Por isso, no sábado de manhã, apanhei um ramo da árvore em frente à minha casa e deixei-o na varanda. Pouco antes de sair para a igreja no domingo de manhã, apanhei um ramo da mesma árvore e levei os dois comigo ao púlpito. Enquanto eu os segurava para mostrá-los à congregação, a diferença ficou clara. As folhas do ramo colhido no domingo de manhã ainda estavam frescas e verdes, ao passo que as folhas do ramo colhido no sábado já estavam secas e com as bordas amarronzadas.
É o que acontece quando um ramo deixa de “permanecer” ou “habitar” na árvore. Sua fonte de vida é cortada. Sem estar ligado à fonte de seiva no tronco da árvore (ou videira), ele começa a morrer — embora demore algumas horas para isso tornar-se aparente.
Jesus disse que o segredo para ser um discípulo frutífero e produtivo está em permanecer nele, da mesma forma que o ramo “permanece” na videira. Se permanecermos nele, a seiva do Espírito Santo continuará a fluir através de nós, e seu caráter fará brotar flores em nossos ramos, que produzirão fruto exuberante.
O problema com a maioria de nós é que não somos bons na arte de permanecer. Enganamos a nós mesmos pensando que podemos sobreviver fora da videira. Mas não podemos. Fora da videira, em pouco tempo nossas folhas começarão a murchar, secar e adquirir tonalidade amarronzada, sem a possibilidade de produzir nenhum fruto.
Um estudo informal intitulado “The Obstacles to Growth Survey” [Investigação dos obstáculos do crescimento] relatou que os cristãos estão atarefados demais para permanecer em Cristo. O estudo colheu informações de cerca de vinte mil cristãos em quase 140 países. Mais de quatro em cada dez cristãos no mundo dizem que “quase sempre” ou “sempre” correm de uma tarefa para outra. Seis em cada dez dizem que é “quase sempre” ou “sempre” verdadeiro que uma vida atribulada os impede de aprofundar-se na caminhada com Deus.2 Aqui, o problema principal está em priorizar o tempo para poder permanecer em Cristo. Permanecer não significa simplesmente aparecer ou desaparecer. Permanecer pode ser definido como “passar tempo” ou “frequentar”. Implica uma conexão contínua e progressiva enquanto se está na presença de outra pessoa.
Tenha em mente que a permanência traz benefícios: “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido” (Jo 15.7). Esse versículo é citado frequentemente por alguns pregadores inescrupulosos e falsos que são vistos tarde da noite na televisão. Basta você solicitar uma toalhinha de oração ou um frasco de água do rio Jordão e pronto! Suas orações (por mais egoístas e ilusórias que sejam) serão respondidas. Mas esses homens fazem vista grossa ao segredo dessa passagem. Ela não diz que devemos simplesmente pedir. Diz que devemos permanecer, e depois pedir: “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês...”. O mundo está repleto de pessoas que pedem, mas não permanecem.
Salmos 37.4 diz: “Deleite-se no SENHOR, e ele atenderá os desejos do seu coração”. Você entende a estrutura desse versículo? Ele tem a mesma construção de se/então que acabamos de analisar. Se você se deleitar nele, então ele satisfará o desejo de seu coração. Se permanecer nele, então peça o que quiser. Quando nos deleitamos no Senhor, os objetivos dele passam a ser os nossos objetivos. As prioridades dele superam as nossas. Tomamos decisões de acordo com o plano dele. Os desejos dele passam a ser os nossos desejos.
A mulher do reino que se deleita no Senhor pode muito bem desejar uma casa, um carro ou outro bem. Mas ela ora assim: “Senhor, concede-me esta casa, este carro (ou outra coisa) para que se torne seu. Atende a este meu pedido para que eu possa edificar teu reino”. É como se Deus estivesse dizendo: “Se você deseja minhas bênçãos para poder edificar um reino seu, não espere muita coisa. Estou apenas interessado em responder às orações das mulheres que desejam sinceramente produzir frutos para mim”.
Produzir frutos
“Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos” (Jo 15. 8). Como ocorre com qualquer outro aspecto de sua vida, você precisa produzir frutos para glorificar a Deus. Quanto mais frutos produzir, melhor refletirá a glória divina e menos lotará sua agenda com prioridades sem importância.
Muitos observatórios do mundo ainda usam gigantescos telescópios refletores. Eles operam com base em um princípio simples: um imenso espelho em curva recebe a luz de estrelas indistintas e distantes e a reflete de volta, com foco nítido, em uma pequena lente ocular. O poder refletor do espelho capacita os astrônomos a observar as maravilhas do espaço. Seu fruto como mulher do reino faz você refletir mais a glória de Deus e a capacita a concentrar-se melhor em sua luz neste mundo escuro e necessitado.
Vimos como é importante permanecer em Cristo como o caminho para produzir frutos, mas como fazer isso? A resposta está em João 15.9-10: “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor”.
Permanecer, ou habitar, é uma questão de amor, e não de dever. O amor bíblico é uma ação, e não uma emoção. Você permanece no amor de Deus quando obedece aos seus mandamentos. Sem obediência, não há permanência. Sem permanência, não há fruto. Se lhe falta obediência, é melhor parar de orar. Se não está obedecendo, é melhor tirar os joelhos do chão, descruzar as mãos, abrir os olhos e dar um passeio. Faça o que quiser, mas não precisa orar. Jesus disse que só aqueles que permanecem nele podem esperar receber o que pediram. Mas, se estiver conectada vitalmente a Jesus Cristo e comprometida a obedecer- lhe, apesar de suas próprias falhas e imperfeições, não hesite em contar a ele o que se passa em seu coração. Ele tem enorme prazer em conceder o que você lhe pede.
Talvez você diga: “Tudo bem, Tony, estou permanecendo. Assumi o compromisso de ser obediente. E, quando me desvio do caminho, confesso meu pecado, me arrependo e volto a permanecer nele. Faz três anos que estou pedindo uma coisa e nada aconteceu. O que devo fazer entre o instante em que comecei a permanecer e o momento em que as respostas chegarão?”.
Tenho uma boa notícia para você. Se está permanecendo, Deus lhe dá algo para fazer a espera valer a pena: alegria. “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15.11). Não se confunda: alegria é diferente de felicidade. Felicidade é uma sensação agradável e borbulhante que toma conta de nós quando as coisas vão bem. A alegria verdadeira não tem nada a ver com isso. Alegria é uma questão de estado de espírito, sem levar em consideração como as coisas estão indo. Na verdade, a alegria em si é chamada de fruto do Espírito. Alegria tem a ver com a capacidade interna, concedida por Deus, de lutar e vencer. Pode produzir paz em meio ao pânico e calma em meio à tempestade.
Na véspera de sua crucificação, Jesus orou no jardim pedindo que Deus afastasse dele aquele cálice. Afinal, não havia nenhuma felicidade associada à morte na cruz. Jesus estava disposto a sofrer; não estava ansioso por isso. Muitos de nós fazemos orações semelhantes.
Seu “cálice” particular pode ser um marido briguento, um empregado insuportável, um útero estéril, uma conta vazia no banco ou um problema crônico de saúde. Da mesma forma que não afastou o cálice de Jesus, Deus não afasta muitas de nossas dificuldades. Então, como lutar e vencer? Da mesma forma que Jesus fez: “pela alegria que lhe fora proposta, [ele] suportou a cruz” (Hb 12.2). Jesus decidiu deixar de olhar para o sofrimento e enxergar o propósito. A agonia e a vergonha tinham uma razão de ser.
Se você estiver totalmente comprometida com essa verdade, terá discernimento para ver além das circunstâncias e vislumbrar a obra de Deus em andamento. Quanto mais você continuar a buscar alegria em suas circunstâncias, mais esperança terá de experimentar alguns momentos fugazes de felicidade. Alguns casamentos, por exemplo, não são felizes. Mas podem ser alegres. Nem todo emprego é o ideal, mas pode ser alegre. Nem todo filho crescido mostra coração grato, mas a experiência de criá-lo pode ser alegre — desde que você continue a permanecer e a obedecer.
Quero lhe dar outro exemplo. É desalentador levar um filho doente ao médico. A criança não está se sentindo bem; foi isso o que motivou a consulta ao médico. Se você também estiver doente, a experiência será duplamente estressante à medida que seu filho chora e se debate na cadeira ao seu lado, prevendo o que o médico poderá fazer. É por isso que fiquei satisfeito ao saber que nosso pediatra instalou uma brinquedoteca com blocos de construção, quebra- cabeças, livros coloridos, giz de cera e carrinhos — muitas atividades que podem manter meus filhos interessados e ocupados até a hora da consulta.
Amiga, sei que você está cansada de esperar. Está esperando que o Senhor intervenha e abra um caminho em seu deserto pessoal de longa data. Contudo, o médico ainda não chamou seu nome. Mas Deus providenciou uma sala chamada “alegria”, onde você poderá passar o tempo aguardando com um sorriso no rosto.
Frutos do reino
Deus leva o assunto a sério quando os ramos de sua videira param de produzir frutos. Ele levanta os ramos que caíram no chão, nutre-os e ergue-os da terra. Mas isso não é suficiente: ele poda os ramos para que produzam mais frutos. Ainda assim, ele não fica satisfeito. Deseja que o ramo produza abundantemente.

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