MULHER DO REINO : O FUNDAMENTO — PROPÓSITO 4
UMA MULHER COMPROMETIDA Algumas pessoas comentam que a história seria totalmente diferente se os três magos tivessem sido três “magas”. Uma vez que isso não aconteceu, o melhor que podemos fazer é imaginar o que teria ocorrido se três “magas”, e não três magos, tivessem visitado o Jesus recém-nascido. Se tivessem sido “magas” em vez de magos, alguns diriam que aquelas mulheres teriam indagado qual era o caminho, chegado a tempo, ajudado o bebê a nascer, limpado o estábulo, preparado uma sopa e trazido presentes práticos comprados em uma loja especializada — inclusive fraldas, lenços umedecidos, babadores e leite em pó. Não há dúvida de que as mulheres são muito talentosas. A mesma habilidade que os homens têm para agir em regime de mono tarefa, elas têm para fazer várias tarefas ao mesmo tempo. Uma pesquisa revela que, em geral, as mulheres são também propensas a ser mais espirituais que os homens. De acordo com o Fórum de Religião e Vida Pública do Centro de Pesquisas Pew, em sua análise do cenário religioso nos Estados Unidos, as mulheres têm mais propensão que os homens para: se afiliarem a uma religião, orar todos os dias, crer em Deus, e comparecer assiduamente aos cultos.
As mulheres parecem ter esse conjunto de talentos, pelo que aproveitam ao máximo os dias e os dons que Deus lhes concedeu. Porém, embora elas sejam frequentemente habilidosas na arte de lidar com as situações da vida e alcançar resultados, às vezes os desafios são grandes demais. Isso é verdadeiro para qualquer pessoa. A vida lança bolas em curva, que nos pegam desprevenidos. Ou talvez não sejam bolas em curva. Talvez a vida lance bolas rápidas — uma atrás da outra. Os problemas começam a se acumular, o que torna difícil nos livrar do estresse, do sofrimento ou do vazio que ocorre depois que gastamos todos os nossos recursos naturais tentando lidar com cada coisa, cada situação. Quando isso acontece, é fácil querer desistir. Mas há outras vidas que dependem do funcionamento e bem- estar de uma mulher que faz malabarismos o tempo todo. Mesmo se você desistir, a vida continuará a lançar desafios. É preciso saber lidar com as provações.
A mulher que não desistiu A próxima personagem que vamos analisar foi uma mulher competente que deve ter pensado que possuía tudo de que necessitava. Sua saga é relatada no Antigo Testamento. Ora, o Antigo Testamento parece muito distante das situações de hoje, mas o que foi registrado nessa porção da Bíblia nos serve de lição: “Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós” (1Co 10.11). O Antigo Testamento é importante, embora suas histórias pareçam antiquadas à visão do mundo contemporâneo. As histórias da Bíblia apresentam princípios que transcendem o tempo, princípios espirituais para dirigir nossa vida até hoje. A mulher do reino que quero analisar encontra-se em 2Reis 4. Apesar de não conhecermos muita coisa sobre ela, sabemos que era sábia, porque, quando se viu em um sofrimento além de sua capacidade de resolução, ela recorreu ao profeta local.
Sabemos também que aquela mulher era casada. Nos tempos bíblicos, ser casada era sinal não apenas de segurança, mas também de dignidade. Além disso, ela era fértil. A Bíblia diz que aquela mulher tinha filhos. Havia recebido a maior das bênçãos. De repente, a vida dela virou de ponta-cabeça. O marido morreu. Ela perdeu a renda que garantia o sustento da casa e, por isso, tentou encontrar um modo de alimentar e vestir os filhos sozinha, mas logo as dívidas começaram a se acumular. Segundo o costume de sua cultura, quando as dívidas se avolumaram, os credores usaram de seu direito de pegar seus dois filhos e levá-los para trabalhar como escravos, a fim de pagarem as dívidas da mãe. Não há provavelmente dor maior para uma mulher que ver alguém pegar seus filhos e deixá-los desprotegidos, sem um abrigo para morar. Não posso imaginar o sofrimento daquela mulher quando ela pensou que seus dois filhos preciosos em breve seriam usados, maltratados e provavelmente seviciados como escravos. Isso despertaria o instinto maternal em qualquer mulher do reino, por certo. Estamos investigando uma mulher que teve de lidar com várias dimensões de sofrimento ao mesmo tempo. Sem dúvida, ela sentiu a dor emocional em razão da perda do marido e o medo de perder os filhos. Ela se tornara uma mãe sofredora e não tinha ninguém para ajudá-la. Além disso, sofreu a dor financeira. “Mas agora veio um credor que está querendo levar meus dois filhos como escravos” (v. 1). A pilha de contas continuava a aumentar, e os credores continuavam a procurá-la. Ela não tinha marido nem dinheiro e estava prestes a perder os filhos. O sofrimento era grande demais. Para piorar a situação, ela sentia dor física. Estava com fome. “Tua serva não tem nada além de uma vasilha de azeite” (v. 2). Se tudo o que ela possuía era uma vasilha de azeite, então ela não dispunha de nenhum alimento. Você já passou fome? Nos Estados Unidos, é bastante improvável encontrar alguém que conheça verdadeiramente o significado de fome. Mas, ainda hoje, há muitas pessoas ao redor do mundo que vão dormir com o estômago completamente vazio. Além do sofrimento emocional, financeiro e físico, ela enfrentava um sofrimento maior ainda. O sofrimento espiritual. Ela revelou um aspecto importante de seu falecido marido: “Teu servo, meu marido, morreu, e tu sabes que ele temia o SENHOR”(v. 1). Não há nada pior que temer o Senhor e não ser capaz de encontrá-lo quando mais necessitamos dele. Esse é o verdadeiro sofrimento espiritual. O marido era um homem temente ao Senhor, e eles eram uma família temente a Deus. Além de Deus ter permitido que o marido morresse, a mulher corria o risco de perder os filhos também. Eu não me surpreenderia se soubesse que a mulher tinha muitas dúvidas, que questionava Deus. Se ter uma vida de temor a Deus é isso, por que alguém deveria ser temente a ele?
Se agora mesmo eu fizesse uma pesquisa com todas as leitoras deste livro, quantas diriam que já passaram por sofrimento espiritual? Você sabe o que significa quando as situações da vida não fazem sentido. Sabe o que significa achar que Deus, que diz que nunca a abandonará nem a deixará, parece estar distante demais. Você serve a ele, obedece a ele, procura-o, contribui para a causa dele, adora-o e ajuda aqueles a quem ele ama. Cumpre com a obrigação de uma vida cristã. E provavelmente faz isso com sinceridade. Mesmo assim, não consegue pagar as contas. Sente-se sozinha. Está sofrendo. E, pior, parece que não encontra Deus em lugar nenhum. Talvez você não se identifique com todos os sofrimentos que a mulher em 2Reis 4 enfrentou, mas penso que se identifica com um deles. Tenho aconselhado muitas pessoas nesses quase quarenta anos de ministério e posso reconhecer que esse é um aspecto comum na vida de quem está sofrendo. A pergunta que ouço com frequência é: “Onde está Deus quando mais necessito dele?”. Minha resposta é sempre a mesma: quando permanece em silêncio, Deus não está parado. Deus faz alguns de seus melhores trabalhos no escuro. Algumas de suas melhores obras são realizadas quando você pensa que ele não está fazendo nada. Deus trabalha nos bastidores, está sempre em ação. Ele é fiel, mesmo quando você não consegue vê-lo. Ele tem um plano para você, e o plano é bom. O compromisso que você assume no escuro é o caminho para sua vitória na luz. O compromisso de manter a fé, buscar Deus e não desistir quando não há nenhuma solução humana à vista é o segredo para trocar o vazio pela plenitude. O profeta e o plano Na Bíblia, o profeta era alguém que falava em nome de Deus. O profeta era a voz de Deus para a humanidade. Ele tinha o dever de dizer o que Deus estava dizendo. O profeta não era simplesmente um professor. O professor pode pegar a Palavra de Deus e declarar: “Isto é o que Deus quer dizer”, enquanto explica a verdade divina. O profeta, porém, era mais que um professor, porque o profeta não dizia apenas: “Isto é o que Deus quer dizer”, mas tinha também a capacidade de aplicar as palavras do Senhor a uma situação específica. O profeta dizia o que Deus estava dizendo, como se se referisse diretamente a você. Não era a Palavra de Deus de forma abstrata. Ao contrário, era a Palavra de Deus para uma situação ou necessidade exclusiva. Quando o profeta falava a alguém especificamente, era a Palavra de Deus acompanhada do nome do destinatário. Você já assistiu a um culto e teve a impressão de que as palavras do pregador vinham com seu nome escrito? Teve a impressão de que não havia ninguém mais no recinto? Que a mensagem era dirigida e proferida apenas a você? Isso ocorre quando o Espírito Santo toma a Palavra de Deus e a transforma em uma palavra profética para sua situação. Por que a mulher em 2 Reis 4 recorreu ao profeta? Porque se encontrava em uma situação que só Deus poderia resolver. Você já esteve em uma situação que somente Deus podia resolver? Tentou tudo o que podia imaginar para resolvê-la, mas nada funcionou? Se você se encontra em uma circunstância semelhante a esta, é bem provável que Deus a tenha colocado exatamente no lugar onde ele quer que você esteja. Às vezes, Deus permite que você se envolva em uma situação que só ele é capaz de resolver, justamente para que você descubra que ele é o único que pode fazê-lo. Você só descobre que Deus é tudo o que você necessita quando ele é tudo aquilo de que você dispõe. Quando sua capacidade de resolver as coisas parece ter desaparecido. Quando o banco recusa a lhe dar o empréstimo. Quando os amigos não retornam seu telefonema. Quando você já falou com todas as pessoas que podia imaginar e ninguém interveio em seu favor. Quando os médicos não sabem diagnosticar a doença que a aflige. Você se vê em uma situação além de suas forças e além das pessoas que a rodeiam. Essa era a situação em que aquela mulher da Bíblia se encontrava e, por isso, ela recorreu diretamente ao profeta. A mulher precisava de uma palavra só para ela. Não precisava de um sermão, de um estudo bíblico nem de um hino. Necessitava de um rhema, uma palavra que contivesse o nome dela. Na Bíblia, Deus se comunica de maneiras diferentes. Logos é uma palavra geral para todos os que creem. Por sua vez, rhema é uma declaração particular, dirigida a uma situação ou pessoa específica. A mulher recorreu ao profeta porque necessitava de uma palavra exclusiva para sua situação, um rhema. O profeta respondeu-lhe com um rhema; porém, quando o fez, ele levantou uma pergunta interessante. Não lhe deu uma resposta.Ao contrário, questionou:
“Como posso ajudá-la? Diga-me, o que você tem em casa?” (v. 2). Que pergunta estranha. Aliás, foi uma pergunta em cima de outra pergunta. Primeiro, Eliseu perguntou: “Como posso ajudá-la?”. Sem dar tempo para que a mulher respondesse, ele indagou algo mais: “Diga-me, o que você tem em casa?”. Assim que ele formulou a segunda pergunta, a primeira pergunta tornou-se mais crítica em seu significado. O profeta estava deixando claro que, ao recorrer a ele, a mulher não receberia uma resposta comum. A palavra-chave na primeira pergunta está subentendida: eu. Ao referir a si próprio, o profeta partiu para a pergunta seguinte. A segunda indagação não foi feita com palavras corteses. Ao formulá-la, o profeta informou à viúva que, ao buscá-lo, ela não deveria esperar uma solução qualquer, como as oferecidas por outras pessoas. Ele não faria o que os amigos, a família ou os vizinhos dela teriam tentado fazer.
Ao contrário, Eliseu levantou um assunto que poderia até mesmo parecer outro problema. Ressaltou a pobreza da mulher ao perguntar o que ela possuía em casa. A mulher não se desviou dessa pergunta estranha. Sabia que a resposta dele não seria a que ela esperava; portanto, disse com toda a sinceridade: “Tua serva não tem nada além de uma vasilha de azeite” (v. 2). “Exatamente”, Eliseu respondeu (em uma tradução livre). E continuou dizendo o que queria que ela fizesse com o “nada” e uma “vasilha de azeite”. Vá pedir emprestadas vasilhas a todos os vizinhos. Mas peça muitas. Depois entre em casa com seus filhos e feche a porta. Derrame daquele azeite em cada vasilha e vá separando as que você for enchendo. 2Reis 4.3-4 Além de fazê-la sentir que não possuía nada, Eliseu disse-lhe especificamente que ajuntasse as vasilhas vazias dos vizinhos. Não disse a ela que pedisse azeite emprestado. Disse que ajuntasse o “nada” que os vizinhos possuíam. Ao fazer isso, ele enfatizou o “nada” que ela possuía e o ampliou. Não sei sua opinião, mas, para mim, esse conselho é um pouco maluco. A viúva disse ao profeta que não tinha nada em casa, e ele ordenou que ela ajuntasse o nada de cada um dos vizinhos. Para piorar a situação, disse-lhe que, depois de ajuntar panelas, caçarolas e baldes vazios dos vizinhos, ela deveria pegar sua mísera vasilha de azeite e encher as outras vasilhas. Deveria derramar o pouco de azeite de sua vasilha na vasilha de outra pessoa. Na melhor das hipóteses, o pedido não tinha lógica; e, na pior, era completamente insensato. No entanto, ele era profeta e transmitira um rhema do Senhor à viúva. Cabia a ela decidir se aceitaria as instruções pela fé, ou se abandonaria a missão de vez — afinal, ele não ofereceu uma solução que ela pudesse seguir parcialmente. Assim que ela atravessasse a porta, percorresse o caminho de terra até a casa do vizinho mais próximo, entrasse na residência desse vizinho, pedisse panelas, caçarolas e baldes e empilhasse tudo para levar para casa, a notícia começaria a se espalhar. Ela precisava seguir as instruções do profeta até completá-la; do contrário, seria motivo de riso para a vizinhança e decepção para o profeta.
Porém, ao tomar a decisão de seguir as instruções do profeta, a viúva vivenciou um milagre. As mulheres do reino obedecem à Palavra de Deus, mesmo quando aparentemente não faz sentido. Tenha em mente que a fé nem sempre faz sentido, mas faz milagres.
O caminho da sabedoria Um dos maiores desafios de nossa vida cristã é seguir a sabedoria de Deus, e não a do mundo. A sabedoria do mundo é, às vezes, referida como mundana. “Mundano” nada mais indica que o sistema estabelecido por Satanás, que procura deixar Deus de fora. Quando a viúva se aproximou do profeta, desde o início ele deixou bem claro que Deus agiria de forma diferente de qualquer outra pessoa. A maneira de Deus agir quase sempre inclui caminhos que não entendemos e que não fazem sentido. Se a mulher possuía uma última vasilha de azeite, por que ele lhe disse que fosse buscar as vasilhas vazias dos vizinhos? Mas foi exatamente o que o profeta fez. Ele expandiu a visão da mulher. Ao ajuntar as vasilhas dos vizinhos, ela viu não apenas as suas necessidades, mas também as dos outros. Além disso, o profeta pavimentou um caminho de comprometimento para que ela demonstrasse fé. Hoje, muitas pessoas não têm uma vida do reino vitoriosa porque se acomodaram à conversão. A conversão é ótima — reconcilia a pessoa com o reino de Deus por toda a eternidade. Mas, para que o poder do reino de Deus atue em você, há necessidade de comprometimento. Isso exige dedicação às Escrituras e ao caminho traçado por Deus. Se você não se comprometer com o Rei e seu reino — e, ao invés disso, optar pela definição de sabedoria e soluções do mundo —, não verá a manifestação do Rei, porque Jesus disse claramente: “O meu Reino não é deste mundo” (Jo 18.36). Quando você recorre a Jesus para apresentar a ele seus problemas, ele responde como o profeta: “Como posso ajudá-la?”. Esse é um lembrete de que aquele de quem você se aproximou apresentará um caminho diferente, que exige comprometimento, a fim de que você presencie o milagre resultante dessa atitude. O caminho de comprometimento trilhado pela viúva nos oferece quatro princípios, os quais quero analisar agora. O primeiro princípio que aprendemos é que o caminho de Deus é a melhor solução para as dificuldades da vida. O problema da viúva só foi resolvido depois que ela recebeu uma palavra profética de Deus por intermédio de Eliseu. Até então, ela estava paralisada, sem saber o que fazer. Paralisada por dispor apenas da opinião humana. A opinião humana é muito parecida com os alimentos prejudiciais que ingerimos. Se você se empanturrar desses alimentos, não terá espaço para ingerir os alimentos verdadeiros. A viúva recorreu ao profeta antes de tudo; por isso, encontrou espaço para obedecer às palavras dele. Quando você necessita de uma palavra profética de Deus — um rhema —, não é aconselhável empanturrar-se das opiniões de outras pessoas. As soluções humanas talvez pareçam lógicas, práticas ou animadoras, mas, quando Deus tem uma palavra para você — quando o Espírito Santo conversa com sua alma —, é recomendável que você não esteja tão empanturrada do que os outros disseram a ponto de não ter mais espaço para ouvir a palavra divina. O segundo princípio extraído das escolhas da viúva é que Deus responde quando você não possui nada. Deus respondeu à viúva quando ela não tinha nada a oferecer a não ser uma vasilha de azeite. Todas as outras vasilhas dela — potes, caçarolas e panelas — estavam vazias. O que ela poderia fazer com uma vasilha de azeite? Nada. Não havia nenhum outro ingrediente a ser misturado com o azeite para que fosse possível preparar um alimento. Certamente, ela não tinha o que comer. Um dos motivos pelos quais é difícil receber os milagres da provisão de Deus é que nos aproximamos dele totalmente abastecidos, e não de mãos vazias. Apresentamos aquilo que, em nossa opinião, temos a oferecer a Deus em vez de reconhecermos que, sem ele, não temos nada (Jo 15). A Bíblia também tem uma palavra para isso. Chama-se orgulho. A Bíblia também tem uma palavra para mãos vazias. Chama-se humildade. Orgulho é declarar nossa autossuficiência, ao passo que humildade é reconhecer nossa insuficiência. A Bíblia diz claramente: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (Tg 4.6). Não existe mulher do reino orgulhosa, porque tais palavras se excluem mutuamente. Aliás, elas não podem coexistir porque a própria definição de orgulho contradiz a definição da mulher do reino, que vive sob a autoridade e o domínio de Deus.
Uma das canções do grupo vocal norte-americano The Temptations é intitulada “Ain’t Too Proud toBeg” [Não sou orgulhoso a ponto de me recusar a pedir], e esse deveria ser o tema dos que creem em Cristo, porque, quando somos orgulhosos demais para pedir a Deus aquilo de que precisamos, ou quando somos autossuficientes e nos recusamos a necessitar dele, não recebemos seu poder e sua glória, que são bem maiores do que o que carecemos. Como mulher do reino, nunca seja orgulhosa demais para pedir a Cristo o que você necessita. Admita a ele que você sabe que não possui nada. O terceiro princípio importante extraído do caminho da viúva é dar aos outros o que você necessita que Deus lhe dê. Ou, conforme lemos em Lucas: “Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês” (6.38).
A expressão “lhes será dado” refere-se àquilo que você deu. Seja o que for que você queira que Deus faça por você, faça isso a outra pessoa. A viúva possuía apenas uma vasilha de azeite, mas o profeta instruiu-a a derrama ruma jarra de azeite nas vasilhas vazias dos vizinhos. Ela não sabia o que ele faria com o azeite assim que o derramasse. Provavelmente, ele lhe pediria que devolvesse as vasilhas dos vizinhos e ficasse sem o azeite. Mas ela lhe obedeceu. Esse é o princípio ao qual a Bíblia se refere quando Jesus disse: “Há maior felicidade em dar do que em receber” (At 20.35). Jesus estava dizendo que, ao dar, abrimos um canal por meio do qual também recebemos. Em outras palavras, quando retemos ou guardamos aquilo que imaginamos ser só nosso, interrompemos o canal de Deus até nós. Se Deus não puder abastecer os outros por seu intermédio, não continuará a abastecer você. A palavra bênção pode ser definida como experimentar, desfrutar e passar adiante a bondade de Deus em sua vida. Isso inclui ser usada por Deus para abençoar os outros também. Quando a viúva se comprometeu a seguir as instruções do profeta e despejou sua última porção de azeite nas vasilhas dos vizinhos, suas mãos vazias ficaram cheias. Enquanto derramava o azeite, a vasilha dela continuou a encher a tal ponto que ela disse ao filho: “Traga-me mais uma”. Ele, porém, respondeu: “‘Já acabaram’. Então o azeite parou de correr” (2Rs 4.6). Somente se acreditar de fato que Deus é seu manancial é que você conseguirá dar esse passo de fé e entregará aos outros aquilo de que necessita. E, se Deus é seu manancial, então a pergunta não é se você tem o suficiente para continuar a dar aos outros, mas se tem fé para crer que ele reabastecerá o que você deu em nome dele. Deus prometeu que “suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Fp 4.19) se o amarmos e andarmos de acordo com sua vontade (Rm 8.28). Essa é uma promessa que você pode levar ao banco, da mesma forma que a viúva fez depois, quando vendeu o azeite acumulado e retirou o lucro (2Rs 4.7). Deus não precisa de muito para fazer muito O último princípio de 2Reis 4 é simples, mas profundo. Deus não precisa de muito para fazer muito. A pequena quantidade de azeite que a mulher possuía foi mais que suficiente para Deus multiplicá-la. Esse princípio aparece repetidas vezes na Bíblia. Moisés só possuía um cajado de pastor, mas, quando o jogou ao chão e o pegou de volta, o objeto se transformou em um instrumento poderoso de Deus. Aliás, tornou-se tão poderoso que Moisés o usou para dividir o mar Vermelho e extrair água de uma rocha. Davi só possuía uma funda e cinco pedras lisas, e usou apenas uma dessas pedras. No entanto, derrotou o gigante que um exército inteiro não conseguiu abater (1Sm 17). Sansão só possuía uma queixada de jumento, mas foi com ela que matou os filisteus(Jz 15.16). Sangar só possuía uma aguilhada de bois, mas com ela salvou a nação inteira de Israel (Jz 3.31). Raquel só possuía alguns cântaros, mas, ao oferecer água aos camelos de um estrangeiro, passou a fazer parte da linhagem de Jesus Cristo, nosso Salvador (Gn 29). Sara só possuía um filho, mas tornou-se a mãe da nação inteira do povo escolhido de Deus (Gn 21). Jael só possuía uma estaca de tenda, mas foi capaz de matar Sísera e mudar o rumo de toda uma batalha (Jz 4). O menino que estava ouvindo o sermão de Jesus tinha apenas alguns peixes e pães. Mas aquilo foi suficiente para alimentar a multidão, e ainda houve sobras para os discípulos recolherem. Maria Madalena só possuía um frasco de perfume, mas ensinou-nos uma das mais extraordinárias lições espirituais da Bíblia. Se você não tem muita coisa, não se preocupe. Deus pode pegar o seu pouco e transformá-lo em muito quando você se compromete a seguir o caminho que ele lhe traçou. Aliás, ele “é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós” (Ef 3.20). Ser mulher do reino, uma mulher de comprometimento, implica tomar uma decisão com base na fé de seguir o caminho prescrito por Deus e, ao mesmo tempo, submeter-se à autoridade dele. Esse caminho raramente será o que você escolheu, mas sempre a levará a seu destino, que é um lugar muito melhor onde estar que qualquer outro. Em um poema memorável, escrito no estilo do autor norte-americano Dr. Seuss, um personagem chamado Zoad se revela bem semelhante a muitos de nós e demonstra nossa incapacidade de nos comprometermos a seguir uma direção solitária pela fé: Eu já lhe falei sobreo jovem Zoad? Aquele que topou com uma placa na bifurcação da estrada? Ele olhou para um lado, depois para o outro. Zoad tinha de decidir o que fazer — Bem, Zoad coçou a cabeça, o queixo e a calça. E disse a si mesmo: “Vou arriscar. Se eu for ao Lugar Um, lá poderá ser quente. Então, como vou saber se vou gostar ou não? Por outro lado, porém, serei um idiota. Se for ao Lugar Dois e achar que é frio demais. Neste caso, posso pegar um resfriado e ficar deprimido. Portanto o Lugar Um deve ser melhor que o Lugar Dois”. “Cuidado!”, gritou Zoad, “não sou de correr riscos. Simplesmente vou partir para os dois lugares de uma só vez”. E foi assim que Zoad, que não quis se arriscar, Não chegou a lugar nenhum e ainda rasgou a calça. Deus deu às mulheres do reino a direção e o caminho que deseja que sigam. E se ele não revelou o passo a passo até agora, meu conselho é que você continue a caminhada até que ele revele o passo seguinte. O caminho de Deus é o caminho da fé. Mesmo que não seja capaz de ver aonde ele o levará, segui-lo é a maneira mais segura de ser tudo aquilo que o Senhor planejou para você. Haverá problemas se você tentar misturar a sabedoria do mundo com a sabedoria divina. E se fizer isso, em vez de alcançar o destino que lhe foi preparado com exclusividade, você não chegará a lugar nenhum.
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