MULHER DO REINO: A FÉ PROFESSADA PELA MULHER DO REINO— PODER 4

 A ORAÇÃO DE FÉ PROFERIDA PELA MULHER DO REINO

Conta-se a história de uma encantadora senhora cristã. Ela possuía pouco dinheiro e morava em uma casa em péssimo estado, mas louvava sempre ao Senhor. Seu único problema era com o idoso que vivia na casa ao lado. Ele estava sempre tentando provar que Deus não existia.
Um dia, ao passar na frente da casa dessa senhora, o homem a avistou através de uma janela aberta. Ela estava ajoelhada em oração, então ele se aproximou sorrateiramente da janela para ouvi-la. Ela estava orando: “Senhor, sempre atendeste a todas as minhas necessidades. E agora sabes que não tenho dinheiro, estou sem nenhum alimento em casa e só vou receber outro cheque daqui a uma semana”. Ela parou e, então, prosseguiu: “Poderias, Senhor, enviar-me um pouco de alimento?”.
O homem ouviu o pedido dela. Afastou-se da janela e correu até o supermercado. Comprou leite, pão e bolo de carne e voltou à casa da mulher carregando as compras. Colocou o saco de compras junto à porta, tocou a campainha e se escondeu na lateral da casa. Você pode imaginar a reação da mulher ao ver o saco com os alimentos. Ela levantou as mãos e começou a louvar ao Senhor.
— Obrigada, Jesus! — ela gritou. — Eu não tinha nada em casa e me deste estes alimentos.
Naquele instante o homem apareceu e disse:
— Desta vez eu peguei você.
Ela estava tão alegre gritando “Obrigada” a Jesus que não prestou atenção àquelas palavras, por isso ele continuou:
— Eu lhe disse que Deus não existe. Não foi Jesus quem lhe deu estes alimentos. Fui eu.
— Não foi, não — a mulher replicou. — Jesus me deu estes alimentos e fez o diabo pagar por eles.
A oração é uma arma poderosa nas mãos da mulher do reino. Deus pode até usar o incrédulo para responder às orações de seus filhos e filhas. Deus costuma agir por intermédio das pessoas, mesmo daquelas mais improváveis. Ele faz isso em conjunto com a humanidade. E faz isso em resposta às nossas orações.
Quando decidiu a quem usar como uma das mais belas ilustrações sobre a oração, Deus escolheu uma mulher. Ressaltou a tenacidade e a força dessa mulher como uma meta que todos nós, homens e mulheres,
devemos devemos ter em nosso relacionamento com ele. A mulher entendeu o poder da persistência. Entendeu que, às vezes, a vida é injusta e que talvez sua voz não fosse ouvida, reconhecida ou valorizada, mas, em razão de seus direitos legais, ela encontrou coragem para continuar a pedir o que lhe pertencia.
Lucas afirma claramente a premissa da parábola que Jesus contou acerca dessa mulher ao dizer, no início da história: “Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar” (18.1). Jesus não estava falando de desistir nem de jogar a toalha quando sentimos que não conseguimos mais suportar ou quando julgamos que nossas orações não estão sendo respondidas de acordo com o que imaginamos. Jesus queria lembrar a cada um de nós o poder encontrado quando persistimos corretamente. A parábola refere- se àqueles momentos em que não sabemos até que ponto conseguiremos aguentar as circunstâncias que nos cercam.
Em geral, as pessoas desmaiam quando não conseguem respirar fundo ou não recebem oxigênio suficiente para seus pulmões. Luto com a asma desde a infância. Meu pai me levava ao pronto-socorro quando eu tinha crises de asma. Se você já sofreu desse mal, sabe que, quando ele ataca, parece não haver ar suficiente para inspirar. Aquilo que quase sempre é uma ação subconsciente — o ato de respirar — passa para o primeiro plano da mente. A respiração se torna uma atividade intencional.
O mesmo se aplica à oração. Quando tudo vai bem em nossa vida, proferimos uma oração aqui, ali ou acolá, sem pensar muito. Quando, porém, enfrentamos lutas ou dificuldades, elas têm o poder de aumentar a intencionalidade de nossa vida de oração. No entanto, quando não vemos nenhuma solução ao longo do tempo, é fácil pensar que nossas orações não estão fazendo nenhuma diferença, e paramos de orar. Porém, o que Jesus ilustrou na parábola da mulher perante o juiz injusto é que, mesmo que a situação dê sinais de que não vai melhorar, precisamos manter
contato com Deus, porque a oração deve ser uma orientação, e não uma posição. A oração persistente é um modo de vida que produz resultados. Orar é mais que dobrar os joelhos, cruzar as mãos e fechar os olhos. É trabalhar em conjunto com Deus. Envolve exercitar nossa autoridade para que o céu intervenha em nossa situação terrena.
A viúva e o juiz
A parábola descrita em Lucas 18 começa informando- nos que, em determinada cidade, havia um juiz que não temia nem os homens nem a Deus. Em outras palavras, aquele homem não se importava com o que alguém dissesse ou pensasse a seu respeito, porque ele era o juiz. Nos tempos bíblicos, a situação assemelhava-se ao velho oeste dos Estados Unidos, quando um juiz viajava de uma cidade a outra para solucionar casos, resolver disputas ou pronunciar veredictos.
O juiz da parábola devia ter numerosos casos para cuidar em sua área de autoridade. E, com o tempo, ganhou a fama de ser um juiz injusto. Juízes como ele eram alvos fáceis de suborno. Os ricos sempre lhe pagavam para que ele legislasse em seu favor. A viúva que apresentou um caso a ele provavelmente não tinha dinheiro nem influência. Não tinha a chance de ser ouvida e receber uma solução para seu problema. Mas aquilo não a impediu de tentar.
De Gênesis a Apocalipse, quando deseja ressaltar um
ponto, Deus quase sempre escolhe ilustrá-lo usando o indivíduo mais humilde dentre os humildes. Ele costuma destacar os órfãos ou as viúvas, porque estes representam as pessoas mais vulneráveis da sociedade. Nos tempos bíblicos, a viúva tinha uma série de desvantagens. Primeiro, havia pouca proteção às mulheres. Se a mulher não tivesse um marido que a protegesse, o povo não se levantava para defendê-la.
Segundo, naquela época, as viúvas eram, em geral, pobres, sem nenhum recurso financeiro, uma vez que a maioria dos empregos era preenchida pelos homens.
Além disso, o fato de aquela viúva em particular ter de recorrer ao juiz significa que ela não tinha amigos nem parentes para defendê-la. Ela precisava agir por conta própria. Estava sozinha, e aparentemente o mundo inteiro lhe dera as costas.
Jesus não menciona os detalhes exatos do caso que ela levou ao juiz, mas sabemos que algo errado acontecera. Algo precisava ser solucionado legalmente. Sabemos que ela estava pedindo proteção legal contra um adversário. Ela deve ter se sentido vulnerável, em perigo e apavorada. Necessitava que a lei atuasse como árbitro entre ela e o adversário, cujo objetivo era prejudicá-la.
Por isso, pelo fato de não ter recebido do juiz injusto a proteção a que tinha direito por lei, ela decidiu continuar a pedir. Não desistiu. Alguém queria prejudicá-la e ela não tinha capacidade, dinheiro nem poder para detê-lo. Somente a lei poderia fazer isso.
Antes de nos aprofundarmos na história, quero fazer uma pausa para lhe formular uma pergunta: Você já esteve em uma situação na qual as pessoas que deveriam ajudá-la não fizeram nada ou não se mostraram dispostas quando você mais necessitou delas? Já se sentiu sozinha e vulnerável e, mesmo assim, inteiramente convencida de que o que lhe aconteceu estava errado e talvez fosse até ilegal? Se já teve sentimentos semelhantes a esses, conhece a situação em que aquela mulher se encontrava. Ela não tinha meios de se proteger em sua cultura ou em seu ambiente. Sabia que, se o juiz não interviesse em seu socorro, não teria outro recurso para se proteger nem para vencer sobre seu adversário.
O juiz, contudo, não se importou com ela. Não se dispôs a ajudá-la e não se comoveu com seu problema. Era um juiz injusto e não queria saber se aquela mulher tinha direitos legais. Porém, o que Jesus destacou na história foi que, embora não tivesse disposição para ajudar a mulher, o juiz interveio em seu favor simplesmente para livrar-se dela: “Por algum tempo ele se recusou. Mas finalmente disse a si mesmo: ‘Embora eu não tema a Deus nem me importe com os homens, esta viúva está me aborrecendo; vou fazer-lhe justiça para que ela não venha mais me importunar’” (Lc 18.4-5).
Na verdade, o juiz não queria mais ser importunado. Não queria ter de ouvir continuamente o problema dela. Ele não se preocupava com a situação que ela lhe apresentava, nem mesmo se importava com o que Deus ou as outras pessoas pensassem a respeito, mas estava cansado de ouvir as queixas dela. Imaginou que havia apenas uma forma de se livrar daquilo: dar o que a mulher pedira! E foi o que ele fez. Deu-lhe a proteção legal a que ela tinha direito.
Sabemos quanto o juiz se sentiu incomodado diante da persistência daquela mulher porque a palavra grega traduzida por “importunar” é “deixar o olho roxo”. A questão não era se a mulher daria um soco no olho do juiz a ponto de deixá-lo roxo. Deixar o olho roxo significava destruir a reputação de alguém. Além de importunar o juiz injusto, a mulher sabia que, se continuasse a insistir, teria condições de arruinar o nome dele em razão de sua recusa em cumprir sua obrigação legal.
A mulher estava comparecendo a um tribunal público e dizendo ao juiz que ele estava deixando de agir corretamente. Ela levou o assunto para além de seu desejo de proteção legal. Pôs o nome do juiz em dúvida e fez isso em público. Portanto, para livrar-se da mulher e proteger sua reputação, o juiz concedeu o que era dela por direito.
Jesus estabelece um contraste interessante entre a viúva, o juiz injusto e nós perante Deus: “Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?” (v. 7-8). Jesus deixou claro que, se um juiz injusto que não se importava com Deus, com as pessoas, com a justiça nem com a lei — mas se importava o suficiente com seu conforto e reputação — atendeu ao apelo daquela mulher, Deus — que é justo, reto e compassivo — fará muito mais justiça a seus eleitos.
A viúva era uma estranha ao juiz. Os eleitos não são estranhos a Deus. Os eleitos são os escolhidos de Deus; são seus filhos. Você e eu pertencemos a Jesus Cristo e somos seus eleitos. Se um juiz injusto garantiu proteção legal a uma estranha para proteger sua reputação, quanto mais Deus não fará para levar justiça a seus filhos, não apenas para proteger o nome dele, mas também para proteger aqueles a quem ama? Jesus deixou isto bem claro: ele não demorará em fazer justiça quando você o buscar como a mulher buscou o juiz.
Exigindo seus direitos legais
Nessa parábola, Jesus recorreu a um conceito interessante, mas fácil de ser ignorado. Ele o usou
algumas vezes: o conceito da justiça ou da proteção legal. A questão em pauta não era se o juiz conhecia a mulher, gostava dela ou sentia pena dela. A questão em jogo era a lei. A viúva precisava que o juiz usasse o poder da lei para sua situação, porque seu adversário a estava tratando injustamente. Ela precisava de uma intervenção legal.
Veja, não há nada que chame mais a atenção de Deus que o relacionamento que ele tem com você, a compaixão que nutre por você, ou mesmo o amor do nome dele próprio. Como filha do Rei, você é herdeira e tem “direitos legais”. Esses “direitos” existem por causa da nova aliança da qual você começou a fazer parte quando confiou em Jesus Cristo para ser salva. O problema que você pode estar enfrentando hoje pode estar relacionado à aliança entre você e Deus. Se for, você está livre para suplicar a ele por auxílio.
Apesar de não se importar com a mulher, o juiz injusto atendeu ao seu pedido e lhe deu o que era dela por direito, porque ela confrontou-o com a lei. A reputação dos juízes estava em jogo, uma vez que ele não estava seguindo a lei, que era obrigado a cumprir. Deus é um Deus de aliança. É também um Deus de palavra. Ele se obrigou a cumprir sua Palavra. Vinculou seu próprio nome e sua reputação àquilo que disse. E, sendo justo por natureza, Deus se comprometeu com seu padrão de justiça e agirá de acordo com sua aliança.
Contudo, muitos cristãos não entendem quais são seus “direitos” segundo a aliança de Deus. Se a viúva não soubesse quais eram seus direitos legais, não teria levado nada perante o juiz injusto. Mas ela conhecia a lei e sabia o que o juiz era legalmente obrigado a lhe conceder, por isso apresentou-se várias vezes e com confiança para pedir o que lhe pertencia por direito. Pelo fato de conhecer a lei, ela teve uma base na qual se apoiar.
Lembra-se de quando analisamos a cura da mulher que viveu encurvada durante dezoito anos? Depois que Jesus a curou, os dirigentes da sinagoga se indignaram porque a cura foi realizada no sábado. Disseram a Jesus que não era permitido trabalhar nesse dia. A resposta de Jesus foi poderosa. Ele apelou para o direito da mulher estabelecido pela aliança, dizendo: “Então, esta mulher, uma filha de Abraão, a quem Satanás mantinha presa por dezoito longos anos, não deveria no dia de sábado ser libertada daquilo que a prendia?” (Lc 13.16).
Ora, a lei do sábado foi dada por meio de Moisés.
Abraão precedeu Moisés. Como filha de Abraão, a mulher estava incluída em uma aliança na qual Deus prometeu proporcionar cura a seu povo quando a origem do problema fosse espiritual. Vimos que a mulher não vivia encurvada por causa de uma condição médica, mas por causa de Satanás. Uma vez que Satanás perturbara a vida dela, seu direito contido na aliança como filha de Abraão a autorizava a ser curada espiritualmente e libertada da escravidão. Ela desfrutava um relacionamento legal que transcendia a lei mosaica.
Jesus sabia disso. Contudo, se você não conhece seu relacionamento legal, não pode exigir direitos legais. Talvez você enfrente problemas, situações, circunstâncias e confusões de longa data e esteja se perguntando por que Deus ainda não agiu em seu favor. A viúva conhecia a lei e continuou a apelar ao juiz com base nessa lei, por isso recebeu o que lhe era devido. Se um juiz injusto se submeteu à lei, mesmo não tendo respeito por ela, pense em quanto mais o Deus santo e justo dará aquilo que legalmente pertence a você como filha dele quando você lhe pedir. Deus é fiel à sua Palavra.
Exigir seus “direitos” legais não é um processo de “peça e exija” no qual Deus é obrigado a fazer o que você lhe pede. É, antes, aproveitar tudo o que Deus diz que deseja fazer por seu povo dentro dos limites de sua vontade soberana. Essa foi a fórmula que Moisés usou quando suplicou a Deus que mudasse de ideia e não julgasse os israelitas com base no que prometera fazer por seu povo (Nm 14.11-21).
Deus não se esqueceu de quem ele é nem da natureza que tem. Mas, enquanto oramos em sintonia com a Palavra dele, devemos nos lembrar disso e orar com o poder da lei da aliança.
Aquilo que a mulher do reino faz é mais que simplesmente orar. A mulher do reino sabe orar de acordo com a lei. Se você é como a viúva e não tem a quem recorrer, precisa conhecer sua posição perante Deus. Quando conhece seus “direitos”, você recorre a Deus com autoridade para conseguir a atenção ou favor dele, com base em seu status legal concedido pelo sangue de Jesus Cristo e a nova aliança. A melhor maneira de orar é fazê-lo segundo a Palavra de Deus.
Depois de abrir a Bíblia em trechos onde Deus diz o que fará por seus filhos, você ora: “Deus, tu não mentes e és fiel. Isto foi o que disseste, e é o que estou pedindo em nome de Jesus”. Esse tipo de oração, com base na Palavra de Deus, recebe resposta. “Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa” (Lc 18.8).
Há algumas passagens na Bíblia que são verdadeiras promessas, como: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei” (Hb 13.5). Há também verdades gerais que não são promessas rígidas: “Quando os caminhos de um homem são agradáveis ao SENHOR, ele faz que até os seus inimigos vivam em paz com ele” (Pv 16.7). Em ambos os casos, ore e peça as bênçãos de Deus de acordo com a vontade dele para você em Jesus Cristo. Conforme registrou nas Escrituras, Deus está comprometido em primeiro lugar com sua Palavra, com sua aliança. Ele não se sujeita ao que você pensa. Não se sujeita ao que os outros pensam. Não se sujeita nem ao que você sente. Deus não se submete a seus pais, a seu cônjuge, chefe, médico, a seus amigos — ou a qualquer outra coisa. Mas ele se sujeita à Palavra. Essa é a única coisa com a qual ele se compromete inteiramente. Se você aprender a orar a ele de acordo com seus direitos descritos na aliança, verá que ele abrirá as portas que você imaginava estar fechadas, fechará as portas de seus adversários, vencerá seus inimigos, derrotará demônios e a levará depressa a seu destino. Você verá o Rei intervir em favor das mulheres que proferem orações do reino.

A conversa
Vida cristã sem oração é como dirigir um carro com o tanque de gasolina quase vazio. Você dirige confiando na reserva, na esperança de chegar ao destino antes que o motor do carro “engasgue” e morra. De forma semelhante, muitos de nós tentamos viver sem orar porque imaginamos que tudo dará certo… até o carro enguiçar e ficar parado na beira da estrada.
A realidade é que muitos de nós lutamos com a oração. Lemos a história da viúva e do juiz injusto e vemos vemos que Cristo diz claramente que Deus ouve nossas orações e responde a elas. Mesmo assim, continuamos a desprezar essa área crucial da vida. Acho difícil conversar com alguém que não podemos ver e que não nos responde em voz audível. É difícil ter fé.
Em geral, consideramos a oração como o hino nacional cantado antes de um jogo de futebol. O hino dá início à partida, mas não tem nada a ver com o que acontece no campo. Oramos quando começamos o dia, ou oramos de vez em quando, mas a oração não tem uma função importante em nossa vida diária.
Não somos os únicos cristãos que lutam com a oração. Os discípulos de Jesus pediram que ele os ensinasse a orar porque não sabiam fazê-lo. Lançaram a mesma pergunta que nós: Sendo meros humanos, como podemos nos comunicar com o Deus invisível? De fato, por que temos de fazer isso?
Jesus respondeu às perguntas dos discípulos em Mateus 6—7. Ele ensinou como devemos orar e
como não devemos orar. Devemos observar com cuidado as precauções que ele relacionou porque elas apontam fatores que prejudicam nossa vida de oração. Na verdade, Jesus nos deu a oração do Pai-nosso como modelo para uma comunicação respeitosa e eficiente com Deus.
Ore com regularidade
A primeira coisa que Jesus deseja que você saiba é que deve orar com regularidade. Espera-se que, se você for uma seguidora de Jesus Cristo — não simplesmente uma cristã, mas uma discípula —, a oração seja parte rotineira de sua vida.
A palavra oração é definida como uma comunicação do cristão com Deus por meio da pessoa de Cristo e assistida pela obra do Espírito Santo. No âmago da oração está a comunicação relacional com Deus. Há uma diferença entre conversa e comunicação. Quando você ora, não está falando consigo mesma, mas com um Deus santo. Ele precisa estar em sua mente, ser o foco de sua atenção e o objeto de sua comunicação.
A oração se torna possível somente por intermédio de Cristo; só temos acesso a Deus porque o sangue de Cristo abriu uma porta para nós. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). Ele é o ponto de acesso. Por sermos pecadores, não podemos entrar na presença do Deus santo. O acesso precisa ser proporcionado por intermédio do Filho. É por isso que oramos em nome de Jesus. A Bíblia diz, em Hebreus 10.19-22, que temos acesso pelo sangue de Cristo. Sua morte saldou a dívida das exigências do Deus santo. Hebreus 4.16 diz que podemos nos aproximar do trono da graça com toda a confiança e entrar em sua presença. Podemos caminhar em direção ao seu trono. Sem hesitar, podemos dizer: “Aqui estou, Senhor. Jesus Cristo me deu permissão para entrar”.
A oração deve ser parte regular de nossa vida porque ela é fundamental para nós. Talvez você pergunte: “Por que devo orar?”. Hebreus 11.6 explica desta maneira: “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam”. Orar é uma forma de expressar fé e, sem fé, não podemos agradar a Deus. Se você é fraca na fé, ore mesmo assim, porque invocar o nome de Deus é um ato de fé que, por sua vez, aumentará a própria fé. Recorra a Deus, mesmo que não possa vê-lo fisicamente e que ele não fale com você em voz audível. Creia que ele está presente porque a Bíblia assim promete. Isso elevará sua fé.
Ore com sinceridade
Jesus diz que, ao orarmos, devemos fazê-lo com sinceridade: “E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa” (Mt 6.5). Isso se harmoniza com Mateus 6.1: “Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial”.
Se você ora para receber o aplauso das pessoas, não recebe o aplauso do céu. Se ora para ser ouvida pelas pessoas e não para conversar com Deus, não está se relacionando com Deus.
Nos versículos iniciais de Mateus 6, Jesus deixou claro que os fariseus não eram exemplos de oração; eram hipócritas. Hipócrita é uma palavra muito visual e significa literalmente “usar uma máscara”. Os fariseus oravam da mesma forma que os atores representam seus papéis, para que os outros vissem sua “santidade”.
Na época de Jesus, os judeus oravam três vezes ao dia — às 15 horas, às 18 horas e às 21 horas. Quando chegava o momento de orar, os hipócritas se dirigiam aos lugares mais movimentados da vizinhança — o mercado, a esquina de uma rua, qualquer lugar onde os outros pudessem observar sua piedade religiosa.
Jesus instruiu seus seguidores a fazerem o oposto. Disse que não devemos orar como se estivéssemos em um palco, usando um belo palavreado. A eloquência na oração pode impressionar os homens, mas não exerce poder no céu.
Ore em secreto
A terceira precaução que Jesus apresenta quanto à oração é que devemos orar em secreto: “Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mt 6.6).
Sua fé verdadeira brilha quando você está sozinha. Se passa mais tempo tentando impressionar os outros do que se comunicando com Deus em suas orações particulares, é sinal de que suas prioridades espirituais estão desalinhadas.
Jesus diz que devemos orar em secreto, mas não afirma que nunca devemos orar em público. A Bíblia menciona muitas orações feitas em público. Em1Timóteo 2.8, Paulo diz ao povo da igreja: “Orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões”. Jesus também orou em público. Ele não condenou esse tipo de prece, apenas disse que, se um homem orar em público, ele deve ter também uma vida de oração em particular. É errado apresentar uma impressão falsa na igreja, aos domingos e quartas- feiras, para fazer o povo acreditar que você está na presença de Deus quando, na verdade, você não se comunica com o Pai nem se aproxima dele durante a semana. Você é aquilo que faz em particular.
Quando recomenda que oremos em secreto, Jesus está dizendo que devemos nos desligar de qualquer coisa que possa desviar nossa atenção enquanto estamos na presença de Deus. Ele diz que devemos fechar a porta, porque nos distraímos com facilidade. Deus é espírito e não usa uma voz audível para se comunicar com seus seguidores; por isso, é muito difícil conversar com ele e ouvi-lo. Precisamos nos afastar das distrações, para que Deus possa conectar-se conosco por meio do Espírito Santo.
Você deve achar maçante ficar totalmente sozinha em uma sala, em completo silêncio — só você e Deus. Mas, assim que o Espírito Santo se conectar com você na solidão de sua presença, você entenderá o que Davi escreveu a respeito desse assunto nos Salmos: ele se deitou na cama na presença de Deus e o sentiu preencher e cercar o lugar onde se encontrava. Aqueles foram momentos poderosos a sós com o Criador.
Ore com prudência
Jesus diz ainda que devemos orar com prudência. Mateus 6.7 declara: “E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos”. Essa precaução é persuasiva. Quando leio essas palavras, lembro-me de quando era menino. Minha mãe quase sempre me pedia que orasse antes das refeições, mas eu detestava quando ela me fazia esse pedido e tínhamos frango frito. Eu orava de olhos abertos, olhando para aquele frango perfeito que satisfaria minha fome. Colocava as mãos na beira do prato antes de terminar a oração, para poder ficar mais perto e agarrar o melhor pedaço. Eu não orava pensando em Deus; orava pensando no frango. Eu precisava concluir a oração e terminar de falar com Deus para pegar o frango. Será que não fazemos isso na maior parte do tempo? Queremos orar apressadamente para começar a comer, comparecer à reunião ou cuidar do próximo item de nossa agenda.
Então, como acabar com essa repetição sem sentido?
Precisamos aumentar nosso conhecimento sobre o assunto (Deus) e trazer essa informação para que exerça influência em nossa vida de oração. Quanto mais conhecemos uma pessoa, mais assuntos temos para conversar com ela. Quando você aprende algo de Deus por meio da Bíblia ou na igreja, permite que isso influencie sua oração.

Ore especificamente
Por último, vamos examinar Mateus 7.7. Jesus diz: “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão, batam, e a porta lhes será aberta”. Pedir requer humildade porque significa que você deve recorrer a Deus e suplicar por algo. E Jesus prosseguiu, dizendo:

Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta. Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!
Mateus 7.8-11
O peixe e o pão, conforme Jesus mencionou nesses versículos, eram alimentos comuns dos judeus. Deus preocupa-se com o “peixe” e o “pão” de nossa vida diária, ou seja, as ocorrências comuns do dia a dia, o sentimento de nosso coração e os detalhes de nossos pensamentos. Ele não deseja apenas nos ouvir quando temos problemas gigantescos. Deseja ouvir todas as nossas preocupações e todos os nossos louvores, grandes e pequenos. Se você só se comunicar com Deus nas grandes questões da vida, fará dele um solucionador de problemas emergenciais do tipo 190, porque só se relacionará com ele de vez em quando. Mas, se você se comunicar com ele nos momentos do “peixe” e do “pão”, estará seguindo a instrução de orar continuamente descrita em 1Tessalonicenses 5.17.
De fato, o versículo fala sobre alguém que pede um peixe ou um pão porque ambos eram itens importantes para as necessidades diárias. O peixe e o pão indicam coisas que devemos esperar que Deus nos proporcione. Deus se preocupa com suas necessidades. Apresente a ele seus pedidos comuns, mas confie também que ele pode fazer muito mais do que você imagina. Ele é um Deus de coisas comuns e de coisas extraordinárias.
Louve-o quando tiver alimento sobre a mesa. Louve- o quando ele abrir o mar Vermelho. Louve-o quando tiver roupa para vestir. Louve-o quando ele extrair água da pedra e trouxer maná do céu. Louve-o quando o tanque de combustível estiver cheio. Louve- o quando o médico disser que sua enfermidade tem cura. Louve-o por isso, mas louve-o também porque nada de errado aconteceu hoje. Louve-o porque ele supre suas necessidades básicas. Louve-o pelo “peixe” e pelo “pão”. Louve-o pelas coisas comuns. E sabe o que mais? Ele está presente para realizar coisas extraordinárias.
A oração é um abrangente canal de comunicação com Deus. Quando você a combina com os princípios da parábola da viúva e o juiz injusto — aproximando-se de Deus com base nas Escrituras e em seus direitos legais por meio da nova aliança —, isso pode ser uma ferramenta poderosa usada para ajudá-la a viver plenamente seu destino como mulher do reino.

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