MULHER DO REINO: A FÉ PROFESSADA PELA MULHER DO REINO— PODER 3
AS POSSIBILIDADES DA FÉ PROFESSADA PELA MULHER DO REINO
A história se passou em um inverno rigoroso nas Montanhas Rochosas. A neve se acumulava cada vez mais. A temperatura caiu abaixo de zero e assim continuou. Os rios congelaram. As pessoas estavam sofrendo.
A Cruz Vermelha usou helicópteros para abastecer o povo. Depois de um dia longo e difícil, enquanto retornava para a base no acampamento, a equipe de resgate no helicóptero viu um chalé quase submerso na neve. Um filete de fumaça saía da chaminé. Os homens imaginaram que as pessoas no chalé deviam estar sem comida e sem combustível.
Em razão das árvores que circundavam o chalé, tiveram de pousar o helicóptero a cerca de um quilômetro e meio de distância. Eles puseram o pesado equipamento de emergência nas costas, caminharam penosamente na neve e chegaram ao chalé exaustos, ofegantes e transpirando. Esmurraram a porta, e uma mulher magra e macilenta finalmente apareceu.
O líder da equipe mal conseguiu dizer estas palavras:
— Somos da Cruz Vermelha, senhora.
Ela permaneceu calada por um momento. Depois disse:
— O inverno está sendo muito longo e rigoroso, filho. Não tenho nada para oferecer este ano.
Muitas mulheres se encontram em situação semelhante à daquela mulher na montanha. Parece que você usou a última dose de energia, suprimentos, reservas e experiência para atender às necessidades de sua família e, mesmo assim, alguém bate à sua porta. O problema é que é difícil entender que aquela pessoa não está ali para pedir mais, e sim para oferecer ajuda. Embora a Cruz Vermelha tivesse aparecido para ajudar a mulher, ela supôs que eles eram mais um na longa fila de pessoas que necessitavam de algo.
Às vezes, é difícil distinguir quando Deus está enviando ajuda, porque ela vem embrulhada em um manto de fé. É preciso desembrulhar antes de imaginar o que Deus deseja fazer. Muitas mulheres da Bíblia tiveram de dar um passo de fé quando enfrentaram privações ou necessidades antes de receber a resposta de Deus com bênçãos copiosas. A expressão dar um salto de fé envolve uma mudança e um movimento certeiro em uma direção na qual não se vê o destino.
Eu estava com Lois na África do Sul em 2011 e vimos um belo animal chamado impala. A impala tem a capacidade única de saltar acima de três metros e uma distância de quase dez metros. Na África, a impala corre e salta livremente em reservas de parques abertos para animais selvagens. No entanto, apesar de sua capacidade de dar saltos de grande altura e distância, esse animal pode permanecer fechado em um ambiente de zoológico com uma parede de apenas um metro de altura. Isso porque a impala não salta quando não consegue visualizar onde cairá. Ela permanece presa em limitações auto impostas, simplesmente por causa de sua incapacidade de dar um salto de fé.
Para muitos de nós, fé é uma palavra amorfa que aparentemente não entendemos. Em razão de nossa falta de fé, permanecemos confinados atrás das paredes do medo, da dúvida, da insegurança e da autopreservação. No entanto, a fé é o caminho verdadeiro para a liberdade. Em palavras mais simples, fé é agir sabendo que Deus está dizendo a verdade. Agir sabendo que Deus está dizendo a verdade é agir com base em suas palavras, sem precisar comprová-las antes. Eu costumo resumir fé deste modo: Fé é agir como se algo fosse assim, mesmo quando não é assim, para que possa ser assim simplesmente porque Deus disse assim.
A fé está acima de seus sentimentos. Não é uma emoção. Aliás, muitas pessoas se sentem cheias de fé, mas não têm fé. Isso porque a fé só funciona e é útil quando entra em ação. A fé sempre tem a ver com os pés. Foi por isso que Paulo disse que devemos andar pela fé — e não falar pela fé. Você sabe que tem fé de acordo com o que faz, e não simplesmente de acordo com o que diz ou sente.
Zípora
A Bíblia está repleta de mulheres a quem Deus pediu que seguissem o caminho da fé . Na verdade, debrucei-me sobre a Bíblia à procura das histórias certas que deveria extrair para apresentar mulheres de fé. Deparei com tantas mulheres que precisei selecionar e escolher. Não há páginas suficientes neste livro para incluir todas elas, mas quero analisar com você algumas dessas histórias extraordinárias.
Pouco se conhece a respeito de Zípora. Sabemos que ela descendia de africanos. Era filha de um homem chamado Jetro, o qual ocupava uma posição respeitável como sacerdote de Midiã. Sabemos também que Zípora se casou com Moisés depois que ele fugiu do Egito, e que esse casamento entre pessoas de raças distintas foi responsável por algumas contendas na família biológica de Moisés (Nm 12).
Zípora era uma prosélita. Acreditava em um único e verdadeiro Deus — o Deus de Moisés. E demonstrou temor a Deus e fé nele em uma ocasião em que seu marido parecia ter perdido a fé.
Moisés havia sido instruído a circuncidar seu primogênito como demonstração de seu comprometimento com a aliança de Deus. A aliança foi o único acordo que Deus estabeleceu com seus seguidores, os israelitas. Segundo a cultura e a tradição locais, cabia ao pai a responsabilidade de criar a família na fé e ensiná-la a cumprir os vários atos simbólicos e demonstrações de fé.
Deus disse a Moisés que lhe reservara uma missão muito grande. Moisés deveria dizer ao faraó que o julgamento divino estava prestes a chegar: “Depois diga ao faraó que assim diz o SENHOR: Israel é o meu primeiro filho” (Êx 4.22). O primogênito era o filho de privilégio e honra. Deus estava deixando claro ao faraó que queria que seus filhos, os israelitas, recebessem permissão para partir.
O faraó, contudo, não permitiu que Israel partisse, ao que Deus afirmou: “Mas você não quis deixá-lo ir; por isso matarei o seu primeiro filho!” (v. 23).
Deus disse claramente a Moisés que ele deveria transmitir aquela mensagem ao faraó. Porém, o profeta se viu em problemas: “Numa hospedaria ao longo do caminho, o SENHOR foi ao encontro de Moisés e procurou matá-lo” (v. 24).
Tratava-se do mesmo Moisés acerca de quem Deus dissera que tinha planos grandiosos. Tratava-se do mesmo Moisés que Deus escolhera como líder e porta-voz. E, no entanto, Deus quis matar Moisés. Essa foi uma grande virada nos acontecimentos, se é que houve uma virada. Sabemos que isso ocorreu por causa do que Zípora fez a seguir. “Mas Zípora pegou uma pedra afiada, cortou o prepúcio de seu filho e tocou os pés de Moisés” (v. 25).
Zípora fez o que Moisés deixou de fazer. Zípora encontrou coragem para levar a efeito o que Moisés não conseguiu. Quando Moisés deixou de ser o líder espiritual de sua casa, Zípora deu um passo de fé e expôs-se para proteger o marido. Moisés deixara de incluir seu filho na aliança com Deus; então, Zípora assumiu as rédeas da situação, pois temia a Deus.
Zípora sabia que o julgamento de Deus pesava sobre seu marido, por isso fez o que muitas mulheres fizeram ao longo das eras. Posicionou-se entre o julgamento de Deus e a pessoa que seria julgada. Essa interposição ocorre quando agimos em obediência, na tentativa de desviar o julgamento de Deus dirigido a outra pessoa.
Muitas mulheres se interpuseram como ato de fé em favor de outra pessoa — talvez um filho rebelde ou mesmo um marido. Elas desviaram o julgamento de Deus e, com isso, trouxeram bênção.
O ato de fé realizado por Zípora foi acompanhado de um pouco de frustração. “Mas Zípora pegou uma pedra afiada, cortou o prepúcio de seu filho e tocou os pés de Moisés. E disse: ‘Você é para mim um marido de sangue!’” (v. 25). Ela estava aborrecida. Caíra sobre seus ombros a responsabilidade de cuidar de uma tarefa de suma importância espiritual, e ela quis que seu marido soubesse como se sentia. Deus estava irado com Moisés, e Moisés poderia ter levado sua família à destruição. A fé demonstrada por Zípora interpôs-se entre aquela destruição e um futuro.
Em consequência da força da fé professada por Zípora, “o SENHOR o deixou” (v. 26). Sua fé salvou a vida de Moisés e de sua família. Muitas vidas têm sido salvas por causa da interposição da mulher do reino em situações nas quais o marido e/ou o pai fraqueja. Tenho visto isso inúmeras vezes. Nos vários cenários de aconselhamento, vejo que o homem está claramente errado nas questões espirituais, e mesmo assim Deus parece abençoar o casal de uma forma ou de outra em razão da fé demonstrada pela mulher. Isso levanta perguntas que costumo ouvir nas sessões de aconselhamento: O que devo fazer se meu marido não está sendo o líder da família? Se ele não está assumindo a responsabilidade pela direção ou liderança espiritual em casa? Como posso ser submissa diante da falta de submissão dele a Deus? Como acompanhar um carro estacionado? É evidente que o homem não está dirigindo a família espiritualmente, mas ele não quer dirigi-la. O que fazer?
A vida de Zípora fornece uma resposta. Quando se trata de obedecer a Deus — cumprir os mandamentos dele —, você precisa agir. Quando se trata de um princípio — não de preferência —, você se submete a Deus. Veja bem, submissão não significa não fazer nada. Submissão significa sujeitar-se à vontade divina revelada, pois seu compromisso com ele é maior que o compromisso que você assumiu com seu marido. Os homens em geral pensam que ser o “cabeça” é um cheque em branco que lhes permite mandar a esposa fazer o que eles querem. Se a esposa não o faz, o marido a chama de “rebelde” ou “insubmissa”. Mas o valor legal de ser o cabeça está na submissão do chefe, do homem, à autoridade de Jesus Cristo. Os homens quase sempre citam apenas uma parte do versículo, deixando de fora o significado completo. A Bíblia, porém, destaca a definição de chefe ou cabeça da casa: “Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus” (1Co 11.3).
A ordem é clara: Deus, Cristo, homem, mulher. Pedir a uma mulher que se submeta a um homem que não está sob a autoridade de Deus e de Cristo é pedir- lhe que se submeta a algo que não seja Deus, o que ela jamais deveria fazer. O homem tem a responsabilidade de submeter-se a Deus antes de pedir à esposa que lhe seja submissa.
Depois de muitos anos lidando com casais problemáticos, concluí que este é o ponto principal de discórdia: a mulher luta entre ser submissa a um homem que não está sendo maduro espiritualmente ou aos ensinamentos recebidos de Deus sobre como ela deve viver. Caso o homem não se submeta aos princípios divinos, deve-se optar pela submissão a Deus quando há uma escolha a ser feita sobre um princípio espiritual específico.
É por isso que a Bíblia limita o uso da palavra submissão. Não se trata de submissão incondicional. A Bíblia diz claramente que a mulher deve ser submissa a seu marido “como ao Senhor” (Ef 5.22). Em outras palavras, há um compromisso maior que com o assumido com o marido, e esse compromisso é com Deus. Portanto, se alguém tentar lhe dizer que submissão significa fazer tudo o que seu marido mandar (quer Deus concorde, quer não), essa pessoa está usando o termo de maneira incorreta. Infelizmente, esse é um dos princípios mais mal usados e deturpados nos lares cristãos de hoje — e quase sempre é uma das causas principais da destruição de um lar. Zípora honrou Moisés honrando a Deus. Em consequência de sua fé, sua família foi salva.
Raabe
Outra mulher que se interpôs em favor de sua casa foi Raabe. A julgar apenas por seu nome, Raabe não descendia de uma família que acreditava no Deus verdadeiro. O nome de Raabe começa com a palavra Ra. Ra é o nome de um falso deus que representa o sol, ou poderes criadores. Raabe pertencia a um povo conhecido como cananeu. Criada em um ambiente pagão, escolheu uma vida indigna depois de adulta. Algumas pessoas a chamavam de prostituta ou meretriz. Outras se referiam a ela como libertina, garota de programa, devassa ou rameira. No entanto, todos os títulos tinham o mesmo significado: Raabe ganhava a vida satisfazendo os desejos sexuais dos homens.
Como em todo comércio, o sucesso do negócio de Raabe era este: a localização. Ela conseguiu o lugar principal no muro da cidade. Tanto os viajantes que entravam na cidade como os cidadãos que saíam dela podiam parar e passar um minuto, ou dez, com Raabe. Lemos que “a casa em que morava fazia parte do muro da cidade” (Js 2.15).
O fato de os estrangeiros visitarem a casa de Raabe com tanta frequência deve ter sido o motivo pelo qual os espiões enviados por Josué para examinar a terra decidiram parar e esconder-se na casa dela. Embora os espiões tivessem tentado fugir sem ser notados, a presença deles atraiu a atenção dos homens do rei. O rei enviou emissários para persegui-los.
Raabe teve de enfrentar a maior decisão de sua vida.
Deveria arriscar-se a ser morta por abrigar espiões — se os emissários do rei os encontrassem — ou arriscar-se à grande desgraça vinda da parte do Deus dos israelitas? É possível dizer muita coisa a respeito das pessoas, mais pelo que fazem do que pelo que dizem. As ações de Raabe revelaram onde ela depositava sua fé: no único e verdadeiro Deus. Sabemos disso porque ela despachou os emissários do rei durante a caçada violenta aos israelitas enquanto ajudava o espiões a se esconderem do exército perseguidor.
Raabe sustentou suas ações com palavras quando revelou por que fez o que fez:
Sei que o SENHOR lhes deu esta terra. Vocês nos causaram um medo terrível, e todos os habitantes desta terra estão apavorados por causa de vocês. Pois temos ouvido como o SENHOR secou as águas do mar Vermelho perante vocês quando saíram do Egito, e o que vocês fizeram a leste do Jordão com Seom e Ogue, os dois reis amorreus que vocês aniquilaram. Quando soubemos disso, o povo desanimou- se completamente, e por causa de vocês todos perderam a coragem, pois o SENHOR, o seu Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra.
Josué 2.9-11
A fé professada por Raabe controlou seus pés. Sua fé ditou suas ações. Essa mesma fé determinou o que ela fez. Raabe escondeu os espiões e lhes contou por quê. E não parou aí. Disselhes também que queria fazer um acordo. Afinal, salvara a vida deles; portanto, a recíproca seria salvá-la e fazer o mesmo à sua família.
Jurem-me pelo SENHOR que, assim como eu fui bondosa com vocês, vocês também serão bondosos com a minha família. Deem-me um sinal seguro de que pouparão a vida de meu pai e de minha mãe, de meus irmãos e de minhas irmãs, e de tudo o que lhes pertence. Livrem-nos da morte.
Josué 2.12-13
Raabe fez um acordo com o povo de Deus. Pediu bondade e lembrou-os de que acabara de ser bondosa com eles. Em razão disso, queria que fossem bondosos com ela e com sua família. Raabe usou a palavra hebraica chesed, que desde então tem sido traduzida por “bondoso”. Chesed não tem apenas esse significado, mas significa especificamente lealdade e fidelidade. Chesed aparece mais de duzentas vezes no Antigo Testamento e refere-se à atitude em relação a um acordo ou aliança. É a palavra usada com mais frequência que qualquer outra para definir ligação feita por meio de um pacto. Na maioria das vezes, era usada para descrever a aliança de Deus abrangendo o povo de Israel apesar de sua infidelidade.
Chesed significa atos de bondade e amor. Refere-se a um amor leal, quer a outra pessoa mereça, quer não. Raabe sabia que seu passado, sua história e sua cultura não apresentavam nada que lhe permitisse pedir misericórdia aos israelitas. Pediu, portanto, a eles que se lembrassem de seu único ato de fé com uma aliança de bondade.
Em razão disso, a fé demonstrada por Raabe fez de uma meretriz uma santa. Além de os espiões terem honrado seu pedido e salvado todos os que estavam na casa dela, Raabe passou a ocupar o lugar da mais alta honra dos israelitas. Seu nome encontra-se na galeria de exemplos de fé em Hebreus 11. Sua fé colocou-a no mesmo capítulo que menciona o patriarca Abraão. Ela aparece lado a lado com outros homens e mulheres de fé corajosa.
Há um aspecto interessante da história de Raabe que quase sempre passa despercebido: como ela e sua família sobreviveram. Afinal, a Bíblia diz que a casa de Raabe fazia parte do muro da cidade. No entanto, a Bíblia também diz que os israelitas marcharam ao redor da cidade uma vez por dia durante seis dias e que no sétimo dia marcharam ao redor dela sete vezes, tocaram trombetas, gritaram e o muro desabou (Js 6). O marco zero de Jericó transformou-se em verdadeiras ruínas. Exceto um lugar. A casa de Raabe.
Enquanto o muro desmoronava ao redor da família de Raabe, sua casa permaneceu intacta. Ela e sua família foram protegidas. Tenho certeza de que as pessoas não entenderam isso na época, e muitas nem sequer acreditaram por que os habitantes daquela casa não pereceram. Mas eles foram protegidos por causa da cobertura da aliança chesed de Deus.
Há uma história verdadeira e interessante contada sobre o marco zero no World Trade Center, em Nova York. Depois de mais um mês de buscas e limpeza entre os escombros, a equipe de resgate, que havia vasculhado desesperadamente o solo à procura de qualquer vida ou esperança, deparou com uma pereira da espécie pyrus calleryana ainda viva. De alguma forma, enterrada sob um monte de poeira, ruínas, concreto e metais retorcidos, aquela árvore sobreviveu.
Na ocasião em que os operários a retiraram dos escombros, ela estava muito queimada, restando-lhe apenas um galho. Aparentemente, aquela pereira não estava pronta para morrer quando tudo ao seu redor ruiu. Ela sobreviveu àquilo que nenhum outro organismo vivo sobreviveria.
Avançando rapidamente no tempo, um pouco mais de uma década, vemos que a Árvore Sobrevivente — como tem sido chamada com respeito e carinho junto com mais outras cinco — tem hoje quase dez metros de altura, depois de ter sido replantada nos jardins memoriais em homenagem aos mortos do Onze de Setembro.
A Árvore Sobrevivente nos oferece um lembrete sobre o poder da esperança. Também nos aponta para outra árvore em forma de cruz, erguida em uma colina há mais de dois mil anos. Essa árvore e a vida presa a ela sobreviveram à destruição ao redor quando os pecados do mundo desmoronaram a seus pés, enviando às profundezas da terra aquele que nela foi pendurado. Três dias depois, porém, Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, oferecendo àqueles que confiam nele uma esperança viva e vida abundante mais poderosa que qualquer outra coisa que enfrentaram.
Raabe conhecia o poder dessa esperança. Conhecia a força da fé. Sua história também é a de uma sobrevivente. Afinal, sua casa ficava no muro. Naquela época em Jericó, as pessoas morreram por uma destas causas: ou em consequência da queda do muro que as esmagou, ou por terem caído nas mãos do exército israelita.
Os espiões honraram o pedido de Raabe para que não a prejudicassem nem à sua família enquanto eles permaneceram em sua casa. Mas os espiões não tinham controle sobre como o muro cairia ou que porção permaneceria intacta.
Eu gostaria muito de saber em que Raabe e sua família estavam pensando quando sentiram os tremores do muro de Jericó começando a ruir. Aqueles moradores haviam sido instruídos a não sair de casa, e agora a própria casa ameaçava enterrá-los vivos.
Alguns dizem que Raabe demonstrou fé ao esconder os espiões. No entanto, sua maior fé foi ter permanecido dentro de casa enquanto as paredes ao redor dela desmoronavam.
Imagine a tentação de sair correndo quando os tremores, abalos e desmoronamentos começaram. Mesmo assim, Raabe ficou em casa por causa de sua fé nas palavras dos espiões — e, em última análise, por causa de sua fé em Deus, sabendo que sua proteção estava no interior da casa, conforme havia sido instruída.
Tudo o que o exército fez, tudo o que pôde fazer, foi marchar ao redor do muro. A Bíblia não menciona em nenhum lugar que, quando chegou à parte do muro onde Raabe morava, o exército andou na ponta dos pés. Ao contrário, Deus derrubou o muro todo enquanto protegia a parte onde Raabe e sua família permaneceram.
Talvez você sinta que tudo ao redor está desmoronando. Pode ser que esteja vendo tremores em sua vida, e as paredes que deveriam ampará-la e protegê-la estão ruindo. No entanto, se estiver onde Deus diz que você deve estar, permaneça aí. Saiba que você pode confiar em Deus apesar de tudo o que está acontecendo ao seu redor.
Tanto Zípora como Raabe nos oferecem exemplos de mulheres cujas possibilidades aumentaram graças à sua fé. O desobediente marido de Zípora acabou se tornando o responsável pela libertação de Israel da escravidão no Egito. Raabe casou-se com um respeitável construtor e arquiteto chamado Salmom, fundador da cidade de Belém (1Cr 2.11-51,54).
Nenhuma dessas mulheres era descendente do povo de Israel. A julgar por sua cultura e vizinhança, nenhuma delas teria sido reconhecida como mulher de muito potencial. Não sabemos nada sobre o passado de Zípora, mas sabemos que Raabe tinha um passado conhecido. Apesar de tudo isso, Deus honrou a fé demonstrada por essas duas mulheres, que, com o tempo, desfrutaram seu glorioso destino.
Não sei o que aconteceu em sua vida — talvez você tenha tido um filho fora do casamento ou se casou com um homem violento que a maltratou e abusou de você. Ou talvez tenha feito escolhas que a levaram para longe da vontade de Deus. Seja qual for o caso, sei que, se responder com fé ao único e verdadeiro Deus, você o honrará com suas ações apesar do caos ao seu redor. Se escolher trilhar o caminho da fé que ele lhe preparou, mesmo quando não tiver certeza da consequência disso, ele a honrará, protegerá e a confirmará como mulher do reino.
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