MULHER DO REINO: A FÉ PROFESSADA PELA MULHER DO REINO— PODER 2
A BUSCA DA FÉ PROFESSADA PELA MULHER DO REINO
Certa vez, eu estava lutando contra um resfriado e não conseguia me livrar dele. Liguei para meu médico e relatei os sintomas. Ele me disseque eu não precisaria ir a seu consultório e que providenciaria uma receita para mim. Informou qual seria o remédio e como eu deveria proceder.
Pois bem, uma série de coisas entrou em ação. Primeiro, tive de acreditar que estava falando com a pessoa com quem queria falar, porque não podia vê-la. Foi uma conversa por telefone; portanto, tive de prestar atenção à voz do médico. Fiz isso e ele me disse como resolver meu problema. Eu poderia ter permanecido na cama, meditando. Poderia ter acreditado nele, mas continuado na cama, pensando na comodidade de ter um médico que entendeu meu problema e apresentou uma solução. Poderia ter ficado ali pensando como foi bom receber uma solução para meu problema. Mas eu não me sentiria melhor se continuasse deitado, pensando nas palavras do médico. Poderiam e sentir feliz por ele ter conversado comigo por telefone, mas continuaria com os mesmos sintomas de quando liguei para ele. Tive de sair da cama, ir à farmácia e perguntar ao farmacêutico: “Você tem uma receita em meu nome?”.
Há muitos tipos de remédios na farmácia, mas eu precisava de um designado especificamente para mim. O médico disse que o remédio estaria ali, e agi acreditando em sua palavra.
Além disso, eu poderia ter recebido o remédio e ficado olhando para ele. Poderia ter me certificado de que era o correto para mim. Mas continuaria doente. Ao seguir as instruções do médico, minha confiança aliou-se à ação, e comecei a me sentir bem melhor.
Muitos de nós padecemos de resfriados espirituais. Recorremos, então, a Deus para ouvir o que o Médico vai prescrever, mas nada muda. Nada muda porque paramos aí. Pensamos como foi bom ouvi-lo ou conversar com ele. Alguns de nós recorremos a Deus e nos sentimos bem diante da maravilhosa receita que ele nos prescreveu e do efeito que ela causará, mas continuamos “doentes” porque não ingerimos o “remédio” que Deus nos dá.
A busca pela fé envolve mais que simplesmente recorrer a Deus e à sua Palavra. Embora isso faça parte da fé, a busca verdadeira implica reagir de tal forma que nossas ações obedeçam às instruções de Deus. Somente quando a fé fecha o círculo é que a bênção completa será manifestada em nossa vida. Fé completa é uma atitude sem reservas, sem barreiras, praticada por alguém cuja vida é marcada por atos de convicção.
Penso que há coisas que acontecem mais com o intuito de impulsionar uma vida caracterizada por ações do que demonstrar fé. Talvez você não tenha sido criada em um ambiente no qual tenha aprendido o significado de viver por fé. Talvez sua vida tenha revelado decepções desde o início, ou talvez tenha sido prejudicada de alguma forma e esteja um pouco “temerosa” de correr riscos. Pode ser que imagine ter muito a perder se der um passo na direção à qual Deus a está conduzindo. Seja como for, as pessoas têm motivos diferentes para deixar de confiar em Deus e recusar ter fé nele.
A Bíblia fala de uma mulher que também teve problemas, mas foi capaz de superá-los em razão de sua fé. Ela não permitiu que nada interferisse na tarefa de fazer o que precisava ser feito. Seu problema principal era uma hemorragia:
E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de hemorragia e gastara tudo o que tinha com os médicos; mas ninguém pudera curá-la. Ela chegou por trás dele, tocou na borda de seu manto, e imediatamente cessou sua hemorragia. “Quem tocou em mim”, perguntou Jesus. Como todos negassem, Pedro disse: “Mestre, a multidão se aglomera e te comprime”.
Lucas 8.43-45
A hemorragia, em particular, é um problema complicado porque perda de sangue significa perda de vida — entusiasmo, energia, força, “pois a vida da carne está no sangue” (Lv 17.11). Tenho certeza de que você já ouviu a expressão “sangrou até morrer”. O corpo necessita de sangue para viver.
O sangue é uma parte importante da vida. Todas as vezes que você consulta um médico por não estar bem, em geral ele recomenda um exame de sangue. O médico pode descobrir muita coisa quando lê o resultado desse tipo de exame porque o sangue carrega a essência da vida.
Aquela mulher estava sangrando; sua vida começara a definhar doze longos anos atrás. No entanto, não era apenas sua vida física que estava se esvaindo por causa daquele problema que, sem dúvida, a enfraquecia e prejudicava seus órgãos pela falta do oxigênio necessário para funcionar corretamente. Suas finanças também haviam sido atingidas.
Algumas leitoras deste livro sabem o que significa gastar dinheiro com médicos continuamente, por tempo prolongado, sem que o problema de saúde seja resolvido. Enquanto os médicos tentam isso, aquilo e mais aquilo, as contas continuam a minar suas finanças.
Aquela mulher, porém, não sofria apenas de um problema físico e financeiro; sofria também de um problema espiritual. Sabemos disso porque ela era judia e vivia sob a lei do Antigo Testamento: “Quando uma mulher tiver um fluxo de sangue por muitos dias fora da sua menstruação normal, ou um fluxo que continue além desse período, ela ficará impura enquanto durar o corrimento, como nos dias da sua menstruação” (Lv 15.25).
Ser considerada “impura” na cultura israelita era uma condição com múltiplas implicações. Por exemplo, a mulher não podia ser tocada. Significava que seu problema físico de hemorragia era também um problema social, porque ela era forçada a viver sem receber o toque ou o carinho das pessoas. É bem provável que não pudesse sair nem fazer parte das atividades sociais, uma vez que as outras mulheres que a tocassem acidentalmente também seriam consideradas impuras. Aquela mulher também não podia comparecer a atividades religiosas.
Provavelmente, tomava vários tônicos para curar a hemorragia, e aqueles remédios provocavam efeitos colaterais. Ela devia ter uma vida solitária, isolada e sofrida. Definitivamente, tinha muitos problemas.
Antes de nos aprofundarmos na história dessa mulher, quero fazer uma pausa para perguntar se você se identifica com ela. Talvez não se reconheça integralmente nessa história, mas será que não existe um problema físico, social, financeiro ou espiritual em sua vida e, por mais que tente resolvê-lo, não consegue? Você gasta dinheiro com médicos, psicólogos, vitaminas, ervas e com a última novidade capaz de curar todos os males? Seja como for, você fica com o bolso vazio e o coração pesado enquanto carrega silenciosamente esse fardo.
Se estas palavras servem para descrevê-la — dolorida, magoada, desanimada, sem esperança, desapontada — e parece que ninguém consegue ajudá-la — na verdade, a ajuda que recebe tende a piorar as coisas —, quero lhe pedir que aprenda com essa mulher.
Depois de doze anos, não há dúvida de que a situação dela parecia insolúvel do ponto de vista humano. Na verdade, duvido que ela sentisse que alguém se importava com seu problema. Para que aquelas circunstâncias melhorassem, algo além dela, além das pessoas e além de tudo o mais teria de acontecer. Ela necessitava de um toque sobrenatural. A mulher de fé necessitava de uma cura sobrenatural; portanto, decidiu ir aonde poderia receber tal cura.
Conforme vimos antes, o texto de Lucas 8 relata que ela abriu caminho na multidão e chegou por trás de Jesus para tocar em seu manto. Mateus 9.20 diz que ela tocou na borda do manto de Cristo. Por que isso é tão importante? Porque, para abaixar-se o suficiente para tocar na borda do manto, ela precisou humilhar- se. Precisou renunciar a todas as formas de orgulho, autopreservação e sabedoria humana. Precisou submeter-se e expor-se, a fim de ser impactada pela Palavra de Deus, isto é, pelo ponto de vista divino acerca de seu problema. Precisou não buscar apoio em seu próprio entendimento (Pv 3.5), mas curvou-se para receber a compreensão de Deus. Precisou parar de olhar para sua situação, conforme ela a via, e começar a olhar para a solução de Deus. Acreditou que, se conseguisse tocar na borda daquele manto, trajado por Jesus Cristo — o Filho de Deus e a Palavra de Deus —, seria curada.
Sabemos que ela era uma mulher de grande fé, “pois dizia a si mesma: ‘Se eu tão-somente tocar em seu manto, ficarei curada’” (Mt 9.21).
A mulher do reino sabe e crê que a solução para seus problemas não se encontra no dinheiro, no raciocínio humano nem em outras pessoas. Ela encontra a solução ao humilhar-se diante de Jesus Cristo e submeter-se à Palavra de Deus. Muitas vezes, Deus permite que você tente de tudo o que imagina para resolver seus problemas. Permite que gaste todo o seu dinheiro e seu tempo, e se sinta abatida e exausta. Permite isso porque, normalmente, só quando a pessoa chega ao ponto de exaustão e não tem mais opções é que ela olha para a única opção verdadeira de cura definitiva: Deus.
É importante notar que essa mulher do reino entendeu o poder de estabelecer uma ligação entre Jesus Cristo e a Palavra de Deus. Veja bem, se você tem a Palavra escrita, mas não tem a Palavra viva, tem a verdade sem vida. Se tem a Palavra viva a ponto de excluir a Palavra escrita, possui vida, mas não tem a completa revelação da verdade. Contudo, quando tem a Palavra viva e se agarra à Palavra escrita, você desfruta a vida verdadeira. Ao buscar essa combinação por meio da fé, a mulher foi curada imediatamente.
Quem tocou em mim?
Para a mulher que sofria de hemorragia, não foi um passo pequeno optar por abrir caminho no meio de uma multidão que a rejeitava e zombava dela como alguém que não podia ser tocado. Ela buscou a Cristo corajosamente, embora isso a tenha tirado do conforto da obscuridade. E, consequentemente, ela o encontrou e recebeu um milagre.
Um dos elementos mais intrigantes da história dessa mulher é o modo como Jesus ficou sabendo, antes de qualquer outra pessoa, quem o tocara (quando ela encostou na roupa dele). Ele sentiu seu poder sendo usado para curá-la: “‘Quem tocou em mim?’, perguntou Jesus. Como todos negassem, Pedro disse: ‘Mestre, a multidão se aglomera e te comprime’. Mas Jesus disse: ‘Alguém tocou em mim; eu sei que de mim saiu poder’” (Lc 8.45-46).
Tenha em mente que há uma diferença fundamental entre a mulher tocarem Jesus e a multidão o comprimindo e o tocando de alguma forma. Quero mais uma vez destacar essa diferença porque se trata de um princípio espiritual que, quando aplicado, abre a portado poder celestial sobre sua vida como mulher do reino: A mulher que tocou na borda do manto de Cristo abaixou-se; provavelmente, ajoelhou-se.
Ela teve de humilhar-se para buscar o verdadeiro objeto de sua fé, a Palavra de Deus. Todas as outras pessoas estavam em pé. Faziam parte da multidão, satisfeitas por aproximar-se de Jesus no mesmo nível e totalmente ignorantes a respeito da própria necessidade de sua Palavra. Um grande número de pessoas na multidão tocou em Jesus ou se espremeu contra ele, mas não recebeu nenhuma manifestação de seu poder.
Veja bem, você pode fazer parte de uma multidão que se reúne na igreja ou congrega para um estudo bíblico, mas, se não se humilhar verdadeiramente diante do Deus vivo e reconhecer sua completa dependência dele e de sua Palavra, ficará apenas nos arredores. Você apenas fará parte do fã-clube de Jesus.
Não será tocada. Nada mudará dentro de você porque o poder de Jesus não lhe será liberado.
A mulher do reino caracterizada pela fé precisa buscar Cristo e a autoridade das Escrituras com humildade no coração. Somente quando você se ajoelha para alcançar a borda do manto, quando se humilha sob a autoridade divina de Cristo, crendo em sua Palavra divina, é que recebe o poder de que necessita para viver a plenitude do destino que lhe foi preparado.
Você pode receber um toque de Jesus neste momento se estiver disposta a curvar-se o suficiente, a não fazer caso dos olhares das pessoas e a ir em frente com todo o seu sofrimento. Se você se humilhar a ponto de apoderar-se da Palavra, receberá seu poder.
Como pastor de uma congregação razoavelmente grande, noto um padrão de comportamento recorrente. Vejo pessoas que há muito tempo almejam ser curadas e libertadas para servir a Deus, mas que não abandonam o controle, a autodependência e a preservação do status quo. Não abrem mão disso e não se humilham. Consequentemente, permanecem nos arredores, sem receber o poder de que necessitam para ter uma vida vitoriosa.
A fé aliada à humildade é o segredo do sucesso de toda mulher do reino. Um teólogo escreveu: “O orgulho precisa morrer dentro de você; caso contrário, nada do céu viverá em você”. A mulher que lutou doze anos contra um grave problema de saúde escolheu o caminho da maior humildade diante de Deus, por isso recebeu a maior dádiva de poder e cura.
Na verdade, ajoelhar-se para tocar os cordões azuis presos à borda do manto de Cristo não foi o fim do ato de humildade daquela mulher. Após a transferência do poder de cura, Jesus perguntou quem tocara nele. Ele sabia quem foi, mas perguntou porque queria que a mulher praticasse mais um ato de bravura de fé e humildade. Queria que ela se manifestasse em público. Sabia que ela havia sido curada. Ela sabia que havia sido curada. Marcos 5.29diz: “Ela sentiu em seu corpo que estava livre do seu sofrimento”.
Jesus queria que ela compartilhasse com os outros o que lhe acontecera em razão de sua humildade e fé extraordinárias. Queria que ela saísse da zona de conforto da vida isolada que conhecia há tanto tempo e declarasse publicamente o que ele fizera. Jesus sabia que aquela cura não seria um ato natural a uma mulher desprezada e ignorada. Sabia que ela se sentiria constrangida por ter de falar o que lhe acontecera. Mas ele queria que ela fizesse isso. E se fizesse uma vez, na presença dele, ela teria coragem de falar repetidas vezes. Aquela mulher de grande fé e humildade também precisava descobrir que dispunha de muita coragem. E Jesus estava ali para ajudá-la. Quando a mulher ouviu Jesus perguntar especificamente por ela, “vendo que não conseguiria passar despercebida, veio tremendo e prostrou-se aos seus pés. Na presença de todo o povo contou por que tinha tocado nele e como fora instantaneamente curada” (Lc 8.47).
Ela tremeu. Não estava acostumada a ser notada em grandes multidões. Não costumava fazer parte de uma conversa em público. Mas apresentou-se e disse a Jesus que havia tocado em sua roupa. A resposta de Jesus foi pessoal. A mulher não lhe era nem um pouco estranha. Jesus usou a expressão carinhosa daquela cultura: filha. Recompensou-a por sua busca e coragem com outra cura. Recompensou-a com paz, dizendo: “Filha, a sua fé a curou! Vá em paz” (v. 48).
Entre ficar fisicamente curada e ter a coragem de testemunhar o fato, ela estabeleceu um relacionamento com seu Salvador. Passou de “quem?” para “filha”. Tornou-se um recipiente de paz dentro da família de Deus.
Nem todas as pessoas têm paz nesta vida. Muitas têm aquilo que poderia ser considerado a bênção da saúde, do dinheiro, das roupas e de uma bela casa. No entanto, Deus pode abençoá-la com uma casa, mas talvez você não tenha um lar. Deus pode abençoá-la com saúde física, mas talvez você continue sentindo angústia mental. Deus pode abençoá-la com coisas que agradem a seus sentidos físicos, mas talvez você não tenha um relacionamento com ele.
Jesus quer fazer mais por você. Ele lhe proporciona os meios. Faz seu corpo funcionar corretamente. E quer que você esteja bem. Porém, mais que isso, ele quer tratá-la como filha. Quer que você tenha coragem de buscá-lo publicamente para ter uma comunhão íntima com ele.
A mulher do reino busca Cristo em particular e em público. É assim que você vê a manifestação dele de uma forma que não consegue explicar e passa pela experiência de ter uma aproximação sem igual com ele. O ato de buscar Jesus enquanto se apodera de sua Palavra libera poder para você. As situações com as quais você tem lutado durante anos poderão ser resolvidas no momento em que buscar Cristo com humildade, em público e com todo o seu ser.
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