MULHER DO REINO: A FÉ PROFESSADA PELA MULHER DO REINO— PODER 1

 O PODER DA FÉ PROFESSADA PELA MULHER DO REINO

Alguns anos atrás, houve um evento interessante na Carolina do Sul. Eu estava escalado para falar em uma cruzada no Williams Brice Stadium, o campo de futebol da universidade local. O serviço meteorológico previa chuva. Na verdade, dizia que cairia uma tempestade.

Mais de 25 mil pessoas estavam reunidas no estádio aguardando o início da cruzada quando vimos as nuvens da tempestade se formando. Então nós, os líderes e organizadores da cruzada, decidimos orar para que Deus detivesse a chuva.
Descemos a escada de acesso a uma sala pequena, reunimo-nos e começamos a orar. Evidentemente, oramos mais ou menos assim: “Amado Deus, pedimos que detenhas a chuva” e “Se for da tua vontade, Deus, poderia sim pedir a chegada desta chuva?”.
No entanto, enquanto orávamos, uma senhora pequenina chamada Linda deu um passo à frente. Talvez estivesse frustrada com as orações dos chamados “profissionais” — os pregadores e os líderes.
Fosse o que fosse, Linda apresentou-se e perguntou:
— Vocês se importam se eu orar?
— Claro que não; pode orar. O que mais poderíamos dizer?
Linda orou:
— Senhor, teu nome está em jogo. Dissemos àquelas pessoas que, se elas viessem aqui esta noite, ouviriam uma palavra de Deus. Dissemos que ouviriam uma palavra vinda de ti. Elas vieram, e, se tu permitires que chova, é sinal de que não tens poder sobre o tempo, e deixarás má impressão sobre aquela gente. Afirmamos que tinhas algo a dizer a elas e, se não impedires o que podes controlar, isto é, o clima, alguém poderá achar que teu nome não tem muito valor.
Em seguida, ela proferiu uma frase que nos fez olhar uns para os outros com o canto dos olhos.
— Portanto, peço agora em nome do Senhor Jesus Cristo que a chuva pare, por amor do teu nome!
Quando ela terminou, abrimos os olhos, ou melhor, arregalamos os olhos. Tudo o que conseguimos dizer foi:
— Puxa! Ela fez mesmo essa oração?
Após as orações, subimos a escada e sentamos na plataforma. O céu atrás de nós estava completamente negro. Um homem designado para comunicar-se diretamente com o serviço de meteorologia disse: “O aguaceiro está chegando. Trata-se de uma tempestade muito forte, e está vindo em nossa direção”.
O relógio marcava 19 horas, e a música estava começando. No momento de iniciarmos a cruzada, um trovão ribombou e fomos cercados por um clarão. As pessoas começaram a se mexer no lugar. Algumas se levantaram e abriram o guarda-chuva.
Linda estava na plataforma conosco. Enquanto os guarda-chuvas começavam a ser abertos na plateia, e vários na plataforma, Linda continuou sentada, demonstrando confiança. Um silencioso ar de expectativa tomou conta de seu rosto.
De repente, aconteceu algo que vi somente uma vez na vida. A chuva dirigiu-se violentamente em direção ao estádio como uma parede de água. Mas, quando chegou ao estádio, ela se dividiu. Metade da chuva foi para um lado do estádio e metade foi para o outro, permanecendo do lado de fora. Linda continuou sentada o tempo todo, com aspecto confiante. Nós, os pregadores e líderes, limitamo-nos a olhar uns para os outros. Vimos a chuva circundar o estádio, e nos entreolhamos novamente. Depois olhamos para Linda. Ela olhava para a frente, com a cabeça erguida. Veja bem, esta não é uma história que alguém me contou. Eu estava lá. Na verdade, minha família estava lá comigo. E mais, havia 25 mil pessoas lá comigo. E naquela noite todos nós presenciamos um milagre. Creio que Deus prestou atenção especial à oração de Linda porque ela teve muita fé.
Ela conhecia o nome de Deus. Entendia que o nome dele representava seu caráter. E, na oração, fez um apelo àquilo que era mais importante para ele. Ela sabia falar a língua de Deus.
Creio que a oração de Linda resultou em milagre porque ela entendia que Deus é apaixonado por sua reputação. Ela colocou sua fé em Deus. Seu corpo pequenino e frágil tinha poder pelo simples fato de ela estar intimamente ligada a Deus e ter investido no nome dele. Quando a chuva circundou o estádio, a multidão ficou protegida e, assim, pôde ouvir o evangelho e abrir o coração, após testemunhar um fenômeno climático.
Quando as mulheres do reino são apaixonadas por aquilo que desperta a paixão de Deus, pode haver mudanças positivas na vida das pessoas, nas famílias, nas comunidades e até no país em que elas vivem.

Ana
A Bíblia contém histórias de mulheres que enfrentaram situações que pareciam impossíveis. Mesmo assim, essas mulheres demonstraram repetidas vezes uma fé inquestionavelmente mais forte que a dos homens da Bíblia. As mulheres possuem uma capacidade única para ter fé, e essa é uma das principais maneiras de promover o reino de Deus. A primeira mulher que desejo analisar está descrita em 1Samuel.Ana era estéril. Não podia ter filhos. Na verdade, não podia ter filhos porque Deus a deixara estéril (1.5). Não havia uma mera limitação biológica na vida de Ana. Havia um motivo espiritual, e a mão de Deus, por trás de sua realidade física.
Além de não poder gerar filhos, Ana vivia em um ambiente desagradável. Vivia em uma cultura na qual a identidade da mulher era quase sempre intimamente ligada, ou inteiramente ligada, à sua capacidade de gerar filhos. As pessoas que conviviam com Ana a ridicularizavam. Humilhavam-na. Uma mulher em particular era a que mais perturbava Ana. Chamava-se Penina e também era mulher de Elcana, marido de Ana.
Sua rival a provocava sem dó, irritando-a sempre e lembrando-a de que o Eterno a deixara sem filhos. Isso acontecia todos os anos. Sempre que a família ia ao santuário do Eterno, Ana já sabia que seria provocada. Ela chorava e até perdia o apetite.
1Samuel1.6-7, A Mensagem

Em razão disso, Ana recorreu a Deus: Aflita, Ana orou ao Eterno. Desconsolada, ela chorava. Então, fez um voto: “Ó Senhor dos Exércitos de Anjos, Se atentares para o meu sofrimento, Se deixares de me ignorar e agires a meu favor, Dando-me um filho, Eu o dedicarei sem reservas a ti. Eu o separarei para uma vida de santa disciplina”.
1Samuel 1.10-11,A Mensagem

Diante de uma situação que não poderia solucionar, Ana pediu a Deus que revertesse a condição em que ela vivia durante toda a vida adulta. Ana falou de seu problema físico. Assim como Linda, que entendeu que a tempestade tinha menos a ver com as nuvens no céu que com a capacidade de Deus de retê-las, Ana buscou alívio e assistência em Deus, pois só ele poderia acudi-la. Ela buscou uma solução espiritual para uma necessidade física.
Quando procurou Deus como solução para seu problema, Ana depositou nele sua fé. Na verdade, deu um passo maior. Disse a Deus que, se ele lhe desse um filho, ela daria aquele mesmo filho de volta, para servi-lo durante o tempo em que ele vivesse. Ana recorreu a Deus para receber uma resposta e buscou honrá-lo enquanto fazia isso. Assim, o Senhor deu um filho a Ana. A Bíblia diz:

Na manhã seguinte, eles se levantaram e adoraram o SENHOR; então voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com sua mulher Ana, e o SENHOR se lembrou dela. Assim Ana engravidou e, no devido tempo, deu à luz um filho. E deu-lhe o nome de Samuel, dizendo: “Eu o pedi ao SENHOR”.
1Samuel1.19-20

Um princípio importante de se viver pela fé é saber que, se Deus é a causa do problema que você está enfrentando, seja qual for, então somente ele pode ser a solução. Não importa quem são seus conhecidos, qual é o nome que você recebeu, que poderes tem ou quanto dinheiro possui. Deus é seu manancial. Todos e tudo mais são meros expedientes. Ana tornou-se fértil porque Deus se lembrou dela.
Ana cumpriu sua palavra depois de dar à luz Samuel. Entregou-o para que servisse ao Senhor no templo. O filho por quem ela orara durante todos aqueles anos foi devolvido a Deus, conforme ela prometera. Há, porém, um aspecto interessante: depois que Ana entregou a Deus aquilo que ela mais queria — seu filho —, ele a recompensou com uma casa cheia de crianças. Em 1Samuel 2, constatamos que, além de dar à luz Samuel, Ana teve mais três filhos e duas filhas (v. 21). Deus não apenas respondeu à oração de Ana, proferida com fé, mas também lhe deu mais do que ela pediu. Encheu sua casa com outras cinco crianças. Deus honrou aquele ato de fé pelo qual ela lhe devolvera Samuel.

A viúva de Sarepta
Em 1Reis, deparamos com outra mulher que demonstrou o poder da fé diante de situações impossíveis. A fome havia atingido a terra onde ela vivia, tornando difícil sua sobrevivência. A economia desmoronara, e o país estava passando por uma grande recessão. O abatimento tomou conta de muita gente.
Deus instruíra o profeta Elias a ir a um lugar chamado Sarepta, onde morava uma viúva. Deus disse a Elias que ordenara à viúva que o alimentasse. Porém, quando se encontrou com a mulher no portão da cidade, Elias notou que ela estava relutante. A princípio, quando ele lhe pediu um pouco de água, ela se dispôs a oferecê-la e saiu para buscá-la. Mas, quando ele pediu um pedaço de pão para acompanhar a água, ela não se mostrou ansiosa por fazer isso:

Mas ela respondeu: “Juro pelo nome do SENHOR, o teu Deus, que não tenho nenhum pedaço de pão; só um punhado de farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Estou colhendo uns dois gravetos para levar para casa e preparar uma refeição para mim e para o meu filho, para que a comamos e depois morramos”.
1Reis 17.12

A mulher não planejava comer depois daquela refeição. Explicou a Elias que não poderia oferecer-lhe nada porque não tinha coisa nenhuma.
Elias, no entanto, recebera uma mensagem diferente de Deus. Deus afirmou a Elias que ordenara à mulher que o ajudasse. Confiando nisso, Elias disse à mulher que não temesse. Pediu-lhe que preparasse um bolo para ele e disse algo mais. Veja bem, a mulher informou que não tinha comida suficiente. Elias sabia que ela só possuía uma última porção de farinha. Porém, ele lhe disse que, se lhe fizesse um bolo, ela poderia fazer algo para si e para o filho também. Haveria comida suficiente para todos. “Pois assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: ‘A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o SENHOR fizer chover sobre a terra’” (v. 14). Não havia futuro para a viúva. Ela não tinha nenhuma economia. Não tinha nenhum alimento. Não tinha nenhuma esperança. Mesmo assim, diante da incerteza e da fome, Elias pediu-lhe que demonstrasse fé. O que a mulher fez? Exatamente o que Elias lhe disse ao repetiras palavras de Deus. Ela lhe obedeceu.
Eu gostaria de saber em que ela pensou enquanto pegava a última porção de farinha para transformá-la em um bolo. Ao que tudo indica, não seria um bolo apetitoso. Imagino que, naquela altura, ela não tinha nenhum outro ingrediente em casa, e definitivamente não tinha nada para acrescentar ao bolo. Não tenho certeza se a palavra bolo dá a impressão correta. Talvez tenha ficado mais parecido com um pão redondo depois de pronto. Seja como for, a viúva usou o que lhe sobrara para obedecer a Deus.

Ela ofereceu tudo a uma pessoa completamente estranha, o pouco que lhe restara para alimentar o filho. Seus instintos maternais devem ter gritado bem alto, mas a fé os abafou. Se quisesse realmente proporcionar um futuro para o filho, ela teria de abrir mão do desejo de alimentá-lo com a última porção de alimento que restara. Teria de colocar todos os ovos, ou pelo menos toda a farinha, em um só cesto — no cesto de Deus.
No entanto, quando ela fez isso, “a farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou, conforme a palavra do SENHOR proferida por Elias” (v. 16).
O pedido de Elias não foi prático. Aliás, nem pareceu ser moral: dar a outra pessoa a comida reservada para alimentar o filho. O que Elias estava pensando ao fazer tal pedido? Ele sabia que Deus o instruíra a fazer aquilo ;portanto, cumpriria sua palavra.

Não fazia sentido. Na verdade, era totalmente ridículo. Mas Deus pedira. E ela obedeceu pela fé. Teve a mesma fé demonstrada por Linda. Demonstrada por Ana. Aquela fé que faz o céu descer à terra.
Esta é a minha opinião sobre a passagem: Deus conhecia a fé que aquela mulher carregava e foi por isso que lhe enviou Elias. Havia muitas viúvas naquela época. A fome tomara conta da terra por quase quatro anos. Mas nem todas as viúvas atraíram a atenção de Deus, porque nem todas as viúvas demonstraram um coração de fé. Em algum lugar ao longo do caminho, Deus viu o ato de fé daquela viúva. Sabia que, se lhe pedisse algo aparentemente irracional, mas que lhe trouxesse bênção e favor, ela o faria.
Deus não escolheu essa viúva ao acaso. Suas ações, seus pensamentos e suas decisões até aquele ponto fizeram dela uma mulher que atraiu a atenção especial do Senhor. Além disso, ela morava fora de Israel, na cidade fenícia de Sidom. Deus não foi à “igreja” para encontrara mulher que usaria. Não foi à cidade nem visitou o grupo de estudo bíblico mais próximo. É por isso que, às vezes, a fé mais intensa é encontrada nos lugares mais surpreendentes, pois a fé depende de relacionamentos, e não de religião. A religião pode ser um dos maiores obstáculos para a fé, porque cria dependência de um ritual, e não do Deus do universo, que pode fazer todas as coisas.
Ao buscar uma mulher de grande e poderosa fé, Deus não procurou nos bancos da igreja. Procurou nos corações, a fim de encontrar a mulher que lhe obedeceria. Aliás, quando procurou alguém para salvar o ministério de seu profeta Elias, em uma época de grandes provações e necessidades, Deus não recorreu a um homem. Com certeza, havia muitos homens naquela época que possuíam um pouco de alimento. Mas, naquele momento crucial do chamado de Elias como profeta, Deus escolheu deliberadamente uma mulher do reino para solucionar o problema.

Jesus falou da viúva de Sarepta, destacando especificamente a fato de Deus ter enviado Elias a uma mulher para ajudá-lo em uma ocasião decisiva de seu ministério:

Asseguro-lhes que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio, e houve uma grande fome em toda a terra. Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom.
Lucas4.25-26

Em outras palavras, Deus sabia que, quando os tempos se tornassem difíceis e cada pessoa estivesse tentando sobreviver, a fé professada pelas pessoas da igreja não seria tão forte a ponto de fazer o que ele lhes pediria. As mulheres de Israel, as senhoras que haviam sido escolhidas para confiar no Senhor de todo o coração, não acreditariam em suas palavras. Nem os homens. Mas a estrangeira, a viúva que morava fora dos círculos “cristãos” normais, era a única que acreditaria. Ela recebeu, portanto, a intervenção sobrenatural em um cenário sem esperança e desesperador. Recebeu o investimento sobrenatural de Deus que duraria até que o último investimento natural — a chuva — trouxesse os alimentos de volta.
A meu ver, aquela mulher seria a última que muitos lembrariam quando pensassem em uma mulher de grande fé. Por ser viúva e viver em tempos de fome, ela era, sem dúvida, uma mulher desanimada e infeliz. Provavelmente, usava roupas esfarrapadas. Os sapatos, se é que possuía algum, deviam estar esburacados. Não sei o que ela usava para fazer pão, talvez uma tigela lascada ou trincada, sobre pedras de carvão que mal a aqueciam. Seja qual for a vasilha que ela usava, não foi comprada em nenhuma loja de grife nem fazia parte de um restaurante requintado para ser usada na cozinha. Mas, quando aliado à fé, aquilo que não parecia suficiente tornou-se o caminho para o mais que suficiente.

A fé, em geral, implica olhar adiante do que podemos ver ou das limitações que enfrentamos. Talvez você não tenha tempo suficiente durante o dia para fazer tudo o que necessita ser feito. Ou talvez não tenha recursos para realizar tudo o que precisa. Pode ser que esteja lutando para criar os filhos sozinha enquanto seu marido está ocupado trabalhando ou viajando, ou o pai das crianças foi embora há muito tempo. Talvez sua conta bancária esteja baixa, e você esteja fazendo o possível para encontrar um emprego, e, mesmo assim, Deus lhe pede que continue a honrá-lo com uma parte de seu dinheiro. Ou pode ser que tenha recebido um diagnóstico não muito favorável de seu médico, mas Deus colocou a esperança em seu coração para que você creia em seu toque restaurador. Talvez Deus tenha deixado claro que deseja que você abandone sua carreira profissional e permaneça o dia inteiro em casa com seus filhos, mas sua família não pode viver só com a renda de uma pessoa. Ou talvez Deus lhe tenha dito que abra mão do bônus que recebeu este ano e o entregue a uma família carente da vizinhança. Seja qual for o caso, a fé age sobre esta verdade: embora você não possua o suficiente, Deus possui mais que o suficiente, e prometeu suprir todas as suas necessidades.

Entre em ação
Ainda que sua fé seja pequena, permita que suas ações sejam grandes. Dê um passo adiante e louve o Senhor apesar do sofrimento que está enfrentando. Dê um passo adiante e permaneça na Palavra de Deus, mesmo quando a situação não fizer sentido para as pessoas à sua volta. E mais que isso: dê um passo de fé e ofereça ajuda a outras pessoas que estejam lutando com problemas semelhantes aos seus. Opte por honrar a Deus, oferecendo-lhe algo que esteja perto de você e lhe seja precioso. Mesmo que sacrifique seu tempo, energia ou desejos pessoais, nada será perdido se você assumir o compromisso de servir ao Senhor.
As mulheres do reino entendem que um dos segredos para uma vida cheia do poder da fé é honrar a Deus pelo que você oferece a ele e pelo que oferece aos outros em nome dele. O texto de Lucas 6.38 é citado com frequência, mas poucas pessoas o entendem de fato. Nós o examinamos brevemente no capítulo anterior, mas agora vamos fazer uma análise mais detalhada: “Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês”.
Esse versículo resume a essência das duas mulheres sobre as quais falamos neste capítulo. Para receber algo em retorno por sua fé, Ana e a viúva tiveram de dar alguma coisa. Ana assumiu o compromisso com Deus de que, se ele lhe desse um filho, ela o devolveria a ele. A viúva teve de dar tudo o que lhe restara para comer.
Outras mulheres do reino descritas na Bíblia agiram de forma semelhante. Na verdade, já analisamos a vida de Rute. Ela abriu mão da vantagem de um relacionamento com um homem de sua cultura. Teria sido muito mais fácil para Rute encontrar outro homem em seu país que um estrangeiro em outro país. Mesmo assim, ela disse a Noemi, sua sogra, que abriria mão daquela alternativa e a acompanharia. Rute afirmou a Noemi que o povo desta seria seu povo também. Disse que o Deus de Noemi seria o seu Deus. Fundamentada nos valores do reino, Rute tomou a decisão de seguir o único e verdadeiro Deus acima de quaisquer planos convenientes que porventura tivesse.
Rute tinha uma necessidade: estava sozinha, talvez em completa solidão. Mas, em vez de permanecer em casa e tentar agir da melhor maneira para resolver aquela necessidade, ela deu a única coisa de que necessitava a outra pessoa. Noemi tinha pouca chance, talvez nenhuma, de casar novamente. Noemi estava mais sozinha que Rute. Diante dessa realidade, Rute optou por atender à demanda de sua sogra. E, ao dar “o que necessitava” a Noemi, Rute recebeu “o que necessitava” de Deus, na forma de um novo marido, Boaz.
Em 1Samuel, vimos que Ana passou anos sem gerar um filho porque Deus a tornara estéril. No entanto, a situação de Ana mudou quando ela chorou amargamente diante do Senhor e prometeu que daria “o que necessitava” — um filho — a ele se ele lhe desse “o que ela necessitava” — um filho. Ana entregou o filho antes de Deus dá-lo a ela.
Quando Ana deu “o que necessitava” ao serviço de Deus, Deus lhe devolveu porque a tornou fértil de tal forma que ela teve outros cinco filhos.
A viúva de Sarepta carecia de alimento. Deus disse que ela deveria oferecer seu alimento ao profeta. Apesar de não ser prático dar ao profeta a própria coisa de que ela necessitava, a viúva fez aquilo pela fé. Entregou seu alimento e, em retorno, Deus o devolveu a ela. O Senhor deu a essa mulher muito mais que o suficiente até que acabasse o período de fome; então, a viúva foi capaz de cultivar novamente seu alimento.
A fé não está simplesmente vinculada ao ato de crer. Está ligada a uma ação. A fé está amarrada em seus pés. O poder da fé ocorre quando você se dispõe a dar aquilo de que necessita a outra pessoa, para que Deus o devolva a você. Muitas pessoas não recebem respostas às suas orações porque não se dispõem a dar a Deus tudo o que possuem. Não se dispõem a dar aquilo que estão buscando e necessitando. Dê, e lhe será dada nesta vida uma medida calcada, sacudida e transbordante.
Para entender melhor o significado dessa última frase, precisamos saber que, nos tempos bíblicos, a mulher usava um manto em cujo interior era costurada uma dobra especial. Essa dobra fazia as vezes do que hoje usamos como avental. Quando recolhia grãos, a mulher abria a parte do manto com a dobra e a colheita era despejada em seu colo, por assim dizer.
Para ajuntar a maior quantidade possível de grãos, ela sacudia o avental para acomodá-los em todos os espaços vazios. Dessa forma, criava espaço para mais grãos. Depois, ela pressionava os grãos para caber uma quantidade maior, até transbordarem.
Deus está dizendo que, quando você dá de acordo com a fé que tem nele, ele escolhe outra pessoa para devolver a você em quantidade tão grande que transbordará. Você receberá de volta em abundância.
O poder da fé não garante que Deus responderá à nossa oração; o poder da fé em ação assegura que Deus nos devolverá “infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos” (Ef 3.20).
Fé não é um princípio a ser analisado. Viver pela fé como mulher do reino é um princípio a ser experimentado. Linda ouviu o comunicado do serviço de meteorologia como todos nós. Viu as nuvens. Mas ela conhecia o poder de Deus. Sabia que a cruzada tinha a finalidade de abençoar milhares de pessoas e glorificar o nome do Senhor. A cruzada não pertencia a ela; antes, tinha um objetivo: que os outros conhecessem a bênção de Deus. Em razão disso, Linda orou com fé.
Nunca me esquecerei do momento em que o rapaz sentado ao lado de Linda no estádio lhe ofereceu seu guarda-chuva enquanto as nuvens rolavam no céu. Ela virou-se, olhou para ele, sorriu educadamente e levantou a mão, dizendo: “Não preciso”.
E não precisou mesmo. A bem da verdade, nenhum de nós precisou.

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