MULHER DO REINO : O FUNDAMENTO — PROPÓSITO 2

 UMA MULHER ESPERANÇOSA


Há uma linda história sobre uma linda moça. Seu nome era Cinderela. Mas Cinderela se julgava feia. Morava com uma madrasta malvada e duas meias- irmãs também malvadas, e Cinderela passou a ser escrava delas. Cinderela era bonita, mas, por causa da influência de um ambiente perverso que a humilhava e a maltratava, reduzindo-a a nada, ela não se achava bela. O problema de Cinderela era que ela estava confinada àquele ambiente. Estava trancada na situação, e permaneceu ali por muito tempo.
Você conhece a história. Ouviu falar do baile e de como ela foi transportada milagrosamente até lá em uma carruagem. No baile, ela conheceu um príncipe. O príncipe viu Cinderela e a amou imediatamente. Mas o problema na história, como você sabe, foi que o relógio bateu meia-noite, e ela voltou a ser o que era. Voltou a ser escrava de uma família malvada.
A parte boa da história de Cinderela é que o príncipe nunca a esqueceu. Apesar de haver muitas pessoas no baile, Cinderela tinha algo que a destacava da multidão. Ela era especial. Era única. Era rara. Todas queriam o príncipe, mas o príncipe queria Cinderela.
No entanto, tudo o que ele tinha em mãos para encontrá-la era um sapato que ela deixara para trás. Se ele conseguisse encontrar o pé que cabia naquele sapato, encontraria Cinderela. Em razão disso, andou de casa em casa à procura de seu tesouro. Depois de uma busca longa e difícil, o príncipe finalmente a encontrou.
Há muitas mulheres hoje em dia vivendo como Cinderela. Recebem influência de uma madrasta malvada — o diabo, que tem duas filhas malvadas: o mundo e a carne. Vivendo como escrava sem situação de cárcere, muitas mulheres sentem-se dentro de um cativeiro, sem nenhuma esperança. Talvez essa seja sua descrição, de uma forma ou de outra. Talvez você pense que não conseguirá sair do lugar em que se encontra. Talvez tenha um sonho vívido de como sua família seria, ou de como seriam sua carreira profissional ou seus relacionamentos. Talvez conheça o Príncipe da Paz, e ele a salvou muito tempo atrás, mas você voltou a se ver como prisioneira. Isso pode significar escravidão emocional, cativeiro espiritual ou cativeiro físico.
É fácil desanimar quando não conseguimos ver o
fim da tirania. Quero, porém, lembrá-la de que há esperança. Jesus sabe exatamente onde você está e sabe há quanto tempo você está ali. Ele tem uma saída para essa falta de esperança que você sente.

Ele não quer apenas dar-lhe seu dinheiro, seu castelo ou sua carruagem. Ele quer levá-la à sua presença. Quer tirá-la do cativeiro e permitir que você viva na liberdade de sua presença e amparo. Quer mostrar-lhe sua nova posição e sua nova glória. Quer tirá-la do espírito de escravidão. Quer dar-lhe esperança.
Suponhamos que Cinderela tivesse desistido. Suponhamos que tivesse resolvido continuar trancada em casa. Ela nunca teria sido encontrada pelo príncipe. Nunca teria experimentado o sapato. Teria perdido a oportunidade de ser feliz para sempre.
Muitas de nós desistimos de Deus. Contamos o número de anos em que, aparentemente, nossas orações não foram respondidas, e decidimos que é tarde demais. Muitas vezes, por desistirmos de olhar para Deus, perdemos de vista o destino que ele tem para nós. Deixamos de ter esperança.
A Bíblia nos apresenta outra história de uma mulher limitada pela escravidão. Ela não era Cinderela, mas enfrentou lutas constantes que a impediram de viver seu destino verdadeiramente. A história daquela mulher que não era capaz de manter o corpo ereto encontra-se em Lucas. “E ali [na sinagoga] estava uma mulher que tinha um espírito que a mantinha doente havia dezoito anos. Ela andava encurvada e de forma alguma podia endireitar-se” (13.11).
Vemos aqui uma mulher que, por dezoito anos, teve um problema incurável que a mantinha encurvada. Da mesma forma que o corcunda de Notre-Dame, ela não podia endireitar o corpo. Seus olhos viam apenas o chão, porque ela não podia olhar para outro lugar. A passagem deixa claro que não havia nada que ela ou outra pessoa pudesse fazer para resolver a situação. Talvez o problema fosse um tipo de deformidade na coluna, algo que a fazia curvar-se.
Sua posição física não lhe permitia ver as coisas como realmente eram. A percepção dela própria e do mundo ao redor era distorcida. Seu problema não dizia respeito apenas à saúde: aquela condição se tornara um hábito simplesmente porque vinha ocorrendo por muito tempo. Dezoito anos é um período longo para alguém ter a vida prejudicada por algo que não merecia e não tinha poder para mudar. A vida daquela mulher deve ter sido permeada de desencorajamento dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano. É bem provável que tenha perdido a esperança.

Você é capaz de se identificar com ela — ou com Cinderela — de alguma forma? Talvez tenha passado por um sofrimento ou problema interminável, imaginando estar em um beco sem saída. Ou em uma condição que não apresenta nenhuma perspectiva de melhora. Embora o problema daquela mulher fosse físico, muitas provações podem forçar sua cabeça ou seu coração a olhar para baixo, tanto no sentido emocional como espiritual. Pode ter sido alguma coisa que seu pai disse ou fez, ou mesmo sua mãe.
Pode ter sido algo que um irmão, ou uma irmã, descuidado tenha feito ou dito e que a manteve encurvada emocionalmente por muito tempo. Pode ter sido o marido, amigos ou pessoas no trabalho que a desqualificaram, impedindo que você seguisse seu destino como mulher do reino.
Você já leu livros que a ensinar ama sentir-se libertada, já participou de estudos bíblicos e conversou com conselheiros, pastores ou amigos; porém, por mais que se esforce, o problema ou o cativeiro continua a existir. A primeira coisa que quero lhe dizer é que você não está sozinha. Muitas mulheres sentem-se prisioneiras em razão de dor física, espiritual ou emocional. Pode ser que você tenha seguido a Palavra de Deus e honrado o Senhor com sua vida, mas parece que ele não cumpriu sua parte no trato. Seja o que for, você ficou abatida. E aquilo que a deixou abatida distorceu sua percepção não apenas de si mesma, mas também do mundo à sua volta.

Antes de desistir, olhe para cima. Veja bem, ser uma mulher do reino não se resume a ir à igreja mais vezes ou fazer um número maior de coisas boas. Resume-se a estar em comunhão com aquele que dá esperança. Lucas 13 diz que a mulher com o corpo encurvado estava na sinagoga. Estava na igreja: “Certo sábado Jesus estava ensinando numa das sinagogas” (v. 10). Ao que tudo indica, havia dezoito anos que aquela mulher frequentava a igreja, cantava hinos, ouvia sermões, louvava a Deus, contribuía com dinheiro etc. No entanto, não conseguia libertar-se da escravidão que a encarcerava desde o dia em que aquela deformidade a atacara. Evidentemente, a igreja em si e por si não a ajudou. O sistema religioso em si e por si não a curou. Ela era uma deficiente física sentada no banco, uma mulher que aprendera a adaptar-se ao problema. Aprendera a acomodar-se para deixar as coisas simplesmente acontecerem.

A mulher do reino, porém, nunca se acomoda. Entendo que aquilo que aconteceu em sua infância ou relacionamentos — maus-tratos ou abusos — ou até com sua saúde ou finanças pode ter puxado você para baixo. E o máximo que você imagina poder alcançar é aprender a administrar o sofrimento. Talvez a situação pareça irreparável ou caótica. Afinal, dezoito anos é um tempo longo demais. Jesus, porém, tem mais para seu futuro que uma simples adaptação, da mesma forma que ele tinha mais para a mulher que não podia endireitar o corpo sozinha: “Ao vê-la, Jesus chamou-a à frente e lhe disse: ‘Mulher, você está livre da sua doença’. Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou, e passou a louvar a Deus” (Lc 13.12-13).
Ela frequentava a igreja havia muito tempo. Evidentemente, é possível ir à igreja e não conhecer Jesus. Alguém pode estar no lugar pretensamente certo e nunca ter tido um encontro com Jesus. Quando o encontrou, a mulher conheceu aquele que não se limitaria a realizar o que havia sido feito durante dezoito anos. Todos tinham lidado com o fruto, mas Jesus foi diretamente à raiz.
A história menciona duas vezes qual era a causa do problema daquela mulher. Ela foi mantida presa por Satanás (v. 16). Seu problema não era o ponto principal. O ponto principal era bem mais profundo do que o que ela enfrentava tanto física como emocionalmente.
Veja bem, é importante saber disso, porque, se o problema for causado pelo Inimigo, os médicos não conseguirão resolvê-lo. Se Satanás causar o problema, um sermão ou um hino não o resolverão. Nem será resolvido em conversas com amigos, nem afogado na bebida, nem coberto por um tipo de terapia a varejo que você não pode pagar. Se o problema for inerentemente espiritual, você necessita de solução espiritual.
Guarde isto na memória: eu disse que necessita de solução espiritual, e não de solução religiosa. Há uma grande diferença entre as duas. Um aspecto importante de sua vida como mulher do reino é como você vê Jesus e como reage a ele. Será que ele está meramente vinculado a um ritual ou uma rotina religiosa? Ou você o vê como uma pessoa verdadeira, que anseia ter um relacionamento com você? Muita gente fica presa aos problemas porque tenta atacar as circunstâncias em vez de recorrer àquele que pode atacar a raiz. As circunstâncias podem ser o resultado de uma condição espiritual.
Se uma situação estiver se prolongando por muito tempo, é sinal de que você está atacando o fruto, e não a raiz. Enquanto puder mantê-la pensando no fruto, Satanás terá controle sobre você. Para ele, não faz diferença se você frequenta um programa de doze passos, conversa o tempo todo com amigos e amigas sobre esse assunto ou toma decisões em cada ano que se inicia. Não faz diferença porque ele sabe que tais soluções se atêm aos frutos, e não à raiz.
Se algo em sua vida não parece melhorar, por mais que você tente ou encare a situação, quero que olhe mais fundo do que consegue ver, porque há uma raiz espiritual que precisa ser atacada.
Quando a solução chega de repente
A solução daquela mulher chegou de repente. Os dezoito anos de luta para endireitar o corpo foram curados imediatamente. Veja, com Jesus não há necessidade de gastar muito tempo para mudar o modo como você vê as coisas.
Quero, porém, que você observe que Jesus fez um pedido a ela. Pediu que ela se aproximasse dele. Ela teve de sair do lugar em que se encontrava e ir até ele. Teve de abrir caminho até Jesus, pela fé, embora não pudesse endireitar o corpo o suficiente para vê-lo.
Ela não podia desistir nem sair dali. Teve de agarrar- se a um pouco de esperança, mesmo naquele cenário aparentemente sem solução. Ela não poderia dizer: “Bom, cheguei até aqui e é aqui que vou ficar”. Apesar das dores nas pernas e nas costas (que sem dúvida eram constantes) e da vergonha de ser diferente de todos ali presentes, ela caminhou em direção a Jesus. Não ficou parada no lugar em que se encontrava. Colocou sua esperança na voz dele, e continuou a andar até aproximar-se.
Para experimentar a vitória espiritual ou o alívio de algo que a mantém de cabeça baixa ou com o coração abatido, a mulher do reino precisa aproximar-se de Jesus. Só ele tem autoridade sobre Satanás e seus asseclas. Jesus está sentado à direita de Deus nos céus. Isso não significa que Satanás não possa perturbá-la, porque ele pode. Significa que Satanás não pode perturbá-la quando Jesus ordena que ele pare.
Jesus desarmou Satanás quando morreu na cruz: “E, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”(Cl 2.15). Em outras palavras, Jesus é o único que dá as ordens agora. Embora Satanás continue a ter uma grande dose de poder, Jesus tem autoridade sobre o poder de Satanás. Se você quer chegar à raiz do que a desencorajou e a abateu, só Jesus tem a autoridade de que você necessita para fazer isso. Se está à procura de soluções materiais quando a causa é espiritual, está indo na direção errada.

A distração chamada desânimo
Uma das maneiras mais fáceis de desviar o cristão de seu destino pessoal é o desânimo. Em minhas sessões de aconselhamento, é comum ver pessoas lutando contra a falta de esperança. Quando você tem a sensação de que perdeu a esperança — está cansada e com vontade de desistir —, sua cabeça e sua perspectiva só veem o que está embaixo. Os ombros caem. E você esquece que há um futuro querendo ser alcançado.
O melhor conselho que posso lhe dar se você estiver sem esperança é ouvir Jesus. Ouça-o chamar seu nome. Assim como fez a mulher que não conseguia endireitar o corpo, não desista. Ele não quer que você desista. Quer que você se aproxime dele para que ele imponha as mãos sobre você e mude sua vida de repente.
Se Jesus não responder às suas orações imediatamente, saiba que ele realiza a cura de quatro maneiras. Primeira, ele pode curá-la de modo sobrenatural. Segunda, pode usar meios humanos para remediar sua condição. Terceira, pode dar-lhe força para lidar com sua condição até que ele a corrija. Quarta, pode capacitá-la a perseverar durante o sofrimento neste mundo até que sua cura completa se manifeste no céu.
É fácil querer desistir; eu entendo. As lutas que você enfrenta são legítimas. Se você conhece qualquer uma das batalhas que citei aqui, quero encorajá-la a não desanimar. A mulher do reino fixa o olhar em Jesus, e ele a fortalece para que seja aquilo para o que foi criada.

Seja corajosa e confiante
Deus pede a cada um de nós que continuemos a avançar e não desistamos. A morte de Jesus na cruz torna você vitoriosa em tudo. Ele não morreu apenas para que você fosse capaz de cuidar da confusão ou da infelicidade. Ele morreu para lhe dar vida, e vida plena.
Uma última lição extraída da história da mulher encurvada encontra-se em Lucas 13.16, quando Jesus apresenta uma revelação muito importante sobre os direitos da mulher do reino: “esta mulher, uma filha de Abraão…”. Você entendeu? A mulher que Jesus curou era uma filha de Abraão. Deus havia feito uma aliança com Abraão muito tempo antes (conforme registrado em Gênesis), de que abençoaria esse patriarca e seus descendentes. A promessa de Deus a Abraão aplicava-se também aos filhos de Abraão.
Aquela mulher tinha ligação com Abraão; portanto, estava ligada às promessas feitas por ocasião dessa aliança. Tinha o direito de ser abençoada. O mesmo aplica-se a você. Por crer em Jesus Cristo, você é uma filha de Abraão (Gl 3.29); assim, os direitos foram transferidos a você mediante a aliança. Você, mulher do reino, está autorizada a exercer plenamente esse direito. Não está destinada a ter uma vida de decepção e falta de esperança.
Seja corajosa e confiante, e ande de cabeça erguida.

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