MULHER DO REINO - A IMPORTÂNCIA DA MULHER DO REINO
A cada manhã, quando o despertador de uma mulher do reino toca, o diabo tenta apertar o botão “Soneca”. Ele faz qualquer coisa para impedi-la de sair da cama e começar um novo dia. Nem no inferno há maior furor que o de uma mulher do reino obstinada. Ela luta com todas as forças em favor do reino, até fazer o diabo arrepender-se de tê-la importunado.
Eleanor Roosevelt, uma mulher firme e eloquente, disse certa vez: “A mulher é como um saquinho de chá: só sabemos quão forte é quando o mergulhamos em água quente”. Quando a água quente chega, é comum testemunharmos a explosão feminina de força e determinação interior que deixa muitos homens envergonhados. Só no parto, para dar um exemplo, as mulheres sentem e suportam mais angústia e dor que um grande número de homens enviados à guerra.
Não raro, as mulheres são as heroínas anônimas nos bastidores de grandes conquistas, descobertas e campanhas de moralização. Ao longo da história, toda vez que os homens saíram para o combate, as mulheres se encarregaram de preservar a fortaleza local, auxiliaram na provisão e no envio de suprimentos, geriram os negócios, mantiveram a economia e a comunidade nos eixos, e ainda lidaram com a lavoura — tudo isso enquanto cuidavam dos próprios lares.
As mulheres sempre ocuparam um lugar de influência na cultura, embora nem sempre sua atuação tenha sido reconhecida em público — ou permitida legalmente. A autora Virginia Woolf foi sucinta: “Eu me arriscaria a dizer que os anônimos, que deixaram tantos poemas sem assinatura, foram, muitas vezes, mulheres”. De fato, tamanha é a capacidade feminina de influenciar pessoas que as mulheres podem mudar o mundo para melhor ou, infelizmente, para pior.
Todos nós já ouvimos muitas histórias de influências negativas. Por exemplo, Sansão derrotou um exército inteiro com a queixada de um jumento, mas tornou-se fraco nos braços de uma mulher. Apesar de ter sabedoria, riquezas e poder, Salomão curvou-se à influência pagã de suas numerosas esposas. Davi matou um gigante com a coragem e a ostentação de um gladiador, usando uma pedra e uma funda. No entanto, foi vencido pelo mero vislumbre de uma linda mulher se banhando.
A influência feminina não está somente ligada à sexualidade, nem é usada só para alcançar resultados negativos. Na verdade, muitas mulheres usam seu poder inato para fazer o bem aos que a rodeiam. Em geral, as mulheres amadurecem mais rápido que os homens e, portanto, têm a oportunidade de tomar decisões com menos idade, o que as coloca em posição mais segura na vida e no trabalho. Em comparação aos homens, é maior o número de mulheres que concluem a graduação, e isso vale para todos os níveis de formação superior. E os ganhos das mulheres aumentaram 56% em média desde 1963, enquanto seus colegas do sexo masculino estão ganhando menos que os operários recebiam em 1970. Além de influenciar mais que nunca o local de trabalho, as mulheres são, em geral, a força motora por trás das transformações sociais. O Center on Philanthropy [Centro de filantropia] verificou que, comparadas aos homens, mulheres da geração pós-guerra e senhoras mais idosas — de praticamente todos os segmentos econômicos — fazem doações mais expressivas (até 89% maiores) a instituições de caridade. Isso faz aumentar o volume dessas vozes femininas em termos de estratégia, visão e organização.
Além disso, as mulheres são dotadas com uma capacidade fascinante que desarma as pessoas, a despeito de quaisquer atrativos físicos. Isso lhes permite conduzira conversa à sua maneira ou exercer influência sobre decisões importantes em muitas áreas, mesmo que os envolvidos não percebam. As mulheres também trazem dentro de si uma profundidade espiritual e uma clareza de visão que cativam o ser masculino, porque essas qualidades refletem algo que os homens almejam vivenciar.
Nossa cultura costuma apresentar uma ideia ilusória de que o poder, o controle e a influência estão nas mãos dos homens. E os homens, em sua forma mais tosca, procuram, sim, criar, examinar, construir, explorar, alcançar e conquistar, e depois assumem a glória por ter feito tudo isso sozinhos. Mas muitas vezes nos esquecemos de examinar a motivação por trás das ambições de um homem, que quase sempre resultam da influência de uma mulher.
Desde criança, o homem depende da mulher de muitas maneiras — do ventre da mãe até a primeira infância, das professoras e da influência da mídia (que cria uma imagem ideal de mulher). O homem não compra um carro apenas porque deseja um veículo veloz e bonito. Com frequência, ele compra um carro para impressionar uma mulher, mesmo que não admita isso.
Os homens aprendem, desde os primeiros anos na escola, que o garoto que pratica esporte conquista as garotas. Os garotos que dirigem carros bonitos, têm dinheiro ou esbanjam charme conquistam as garotas. E, ao se tornarem adultos e procurarem um bom emprego, uma reputação razoável ou sucesso na vida, essas lições tão bem gravadas se manifestam. Basta ouvir uma música cantada por um homem para você descobrir uma das maiores forças motoras por trás de muitas coisas que os homens fazem. Este é um exemplo que você encontra nas emissoras de rádio: “Porque o que você não entende é que eu seguraria uma granada por você”.
Na trilha sonora do filme Robin Hood: o príncipe dos ladrões, de 1991, um personagem de grande entusiasmo, poder e força luta contra seu opositor, enfrentando situações difíceis e perigosas enquanto a letra da música-tema se refere a uma mulher que está por trás de todas as incursões desse herói: “Tudo o que faço, faço por você”.
Ou voltemos à minha geração, em que uma canção de muito sucesso, interpretada pelo inigualável Percy Sledge, afirmava: “Quando um homem ama uma mulher, ele troca o mundo pelo bem que encontrou”.
É raro um filme épico terminar sem unir ou reaproximar um homem e uma mulher. Batalhas são travadas por causa de mulheres, a história é moldada por mulheres, a política é influenciada ou decidida por mulheres, nações são dirigidas por mulheres. Até no atletismo as mulheres têm mais força e influência. Nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, por exemplo, as norte-americanas ganharam mais medalhas de ouro não apenas em comparação com os homens de seu país, mas também considerando-se o total de medalhas da maioria dos países (ficando atrás apenas da China, que ganhou 38 medalhas de ouro, e da Grã-Bretanha, que empatou com as norte- americanas somando29 medalhas). De fato, as mulheres dos Estados Unidos ganharam o total de 58 medalhas, ou seja, o número de medalhas conquistadas por 64 países juntos, excetuando-se a China, a Rússia e o Reino Unido.
Sojourner Truth, uma mulher de fibra, disse: “Se a primeira mulher que Deus criou foi tão forte a ponto de virar o mundo de ponta-cabeça, essas mulheres juntas devem ser capazes de desvirar o mundo e fazê-lo voltar ao lugar!”.
Em uma época na qual os direitos femininos eram grandemente limitados por lei, o ensaísta britânico Samuel Johnson, do século 18, escreveu: “A natureza deu tanto poder às mulheres que a lei, por prudência, lhes deu muito pouco”.
Felizmente, os direitos legais e as oportunidades das mulheres não se limitam mais aos Estados Unidos ou a outros países — como ocorreu na época de Virginia Woolf, Samuel Johnson ou Sojourner Truth —, mas o sentimento por trás de cada uma das afirmações dessas personalidades continua verdadeiro. As mulheres são naturalmente dotadas para influenciar e impactar o mundo em que vivem.
A primeira mulher
As mulheres enfeitam este planeta com discernimento, sensibilidade e beleza espiritual. Essas características femininas estão por trás das grandes realizações. O ditado popular é verdadeiro: a mão que balança o berço é a mão que governa o mundo, e por trás de cada grande homem há uma grande mulher. Ou, em nosso caso, por trás de cada homem do reino há uma mulher do reino. Ninguém anda por aí dizendo: “Por trás de uma grande mulher há um grande homem”. Essa frase não causa nenhuma reação. Há um elevado número de mulheres solteiras bem-sucedidas, competentes e satisfeitas. E há um alto número de mulheres casadas cujo marido não demonstra ser um homem do reino; porém, essas mulheres continuam a ser mulheres do reino, em todos os sentidos.
Deus criou o homem do pó da terra. Em termos básicos, o Criador pegou um pouco de terra e formou Adão. A palavra hebraica para o ato divino de criação do homem é yatsar,11 que significa “dar forma, como faz o oleiro”. Deus fez a mulher “com a costela que havia tirado do homem” (Gn 2.22). Criou-a com as próprias mãos. Agiu com toda calma para dar-lhe forma e modelá-la em seu multifacetado esplendor. A palavra hebraica usada para o ato de formar a mulher é banah, que significa “construir, no sentido de edificar uma casa, um templo, uma cidade, um altar”.12 É importante notar a complexidade subentendida no vocábulo banah. Deus concedeu às mulheres uma natureza distinta que as capacita a executar múltiplas funções satisfatoriamente. Adão pode ser considerado o protótipo humano 1.0, mas Eva foi o protótipo humano 2.0.
Um fato de suma importância, no entanto, é que Eva foi modelada lateralmente coma costela de Adão. Não foi uma formação dominante, de cima para baixo, nem uma formação de subserviência, de baixo para cima. Ao contrário, Eva foi um integrante da raça humana tão respeitado quanto Adão.
Deus aborda a decisão de criar Adão e Eva antes mesmo de nos comunicar como se deu tal processo de criação. A primeira vez que lemos a respeito de Adão e Eva é quando Deus ordena que ambos tenham o mesmo domínio sobre a terra. Somos apresentados aos dois gêneros simultaneamente. Isso ocorre no primeiro capítulo da Bíblia, quando Deus diz:
— Agora vamos fazer os seres humanos, que serão como nós, que se parecerão conosco. Eles terão poder sobre os peixes, sobre as aves, sobre os animais domésticos e selvagens e sobre os animais que se arrastam pelo chão. Assim Deus criou os seres humanos; ele os criou parecidos com Deus. Ele os criou homem e mulher.
Gênesis 1.26-27, NTLH
Tanto o homem como a mulher foram criados igualmente à imagem de Deus. Embora essa equiparação envolva funções distintas (analisaremos esse assunto no capítulo 10), não há diferença quanto à igualdade de existência, ao valor ou à dignidade dos gêneros. Ambos têm a responsabilidade de honrar a imagem à semelhança da qual foram feitos. A mulher feita à imagem de Deus nunca deve admitir ser tratada de modo inferior ao que convém a uma criatura que ostenta a imagem do único e verdadeiro Rei. Abraham Lincoln disse: “Nada que tenha recebido o selo com a imagem e semelhança do Divino foi enviado ao mundo para ser pisoteado”. Assim como o homem, as mulheres foram criadas para dominar.
Um pacto de domínio
Quando criou os céus e a terra, Deus estabeleceu uma ordem. Embora seja o Criador e o Governador supremo de sua criação, sua ordem prescrita confere poderes à humanidade. Na teologia, isso é conhecido como Pacto de Domínio. Foi quando Deus transmitiu a homens e mulheres a regra imediata e tangível a cerca de sua criação, conforme limites e diretrizes estabelecidos por ele. O Pacto de Domínio é apresentado em Gênesis 1, onde lemos: “Agora vamos fazer os seres humanos, que serão como nós, que se parecerão conosco. Eles terão poder sobre...” (v. 26, NTLH).
O Pacto de Domínio é raramente ensinado ou discutido. Ainda assim, não é algo insignificante. Em essência, envolve a vontade de Deus de afastar-se da administração direta do que ele criou na terra e delegar essa responsabilidade aos seres humanos.
Quando lemos que Deus criou o homem à sua imagem, significa que ele criou o homem e a mulher. O Pacto de Domínio não se aplica apenas aos homens, mas às mulheres também. A mulher do reino é uma parte essencial do domínio de Deus sobre a terra. Ele nos delegou essa responsabilidade, capacitando cada um de nós a tomar decisões. Essas decisões são acompanhadas de bênçãos ou consequências, de acordo com as leis e os limites que Deus estabeleceu.
Deus estabeleceu um processo por meio do qual ele respeita nossas decisões — mesmo que essas decisões sejam contra ele e ainda que não configurem a melhor escolha para aquilo que está sendo administrado. Deus disse: “Eles terão poder”.
Embora tenha autoridade absoluta e soberana, Deus delegou uma autoridade relativa à humanidade, segundo a esfera de influência, ou domínio, que cada pessoa tem.
Um dos motivos pelos quais esse poder e essa responsabilidade foram tão negligenciados é que, para começar, muitas pessoas se confundem e não entendem por que estão aqui na terra. Isso aconteceu por causa de uma cultura que há décadas flerta com o hedonismo. A visão do mundo hedonista alimenta a noção de que o destino pessoal de alguém existe para promover sua felicidade.
Na economia de Deus, contudo, a felicidade pessoal é um agente derivativo — um benefício —, e não a meta ou a força motora do destino de uma mulher do reino. A felicidade não é o motivo pelo qual Deus criou as mulheres. Ele criou as mulheres para promover seu reino e sua glória.
O domínio no Reino
Deus investiu sua imagem nos homens e nas mulheres que criou e os colocou em posição de destaque. A mulher do reino deve refletir Deus e o reino divino de forma tão extraordinária que as pessoas queiram conhecer mais a respeito da realidade que ela representa. A mulher do reino foi colocada aqui para refletir a imagem de Deus.
Eu gostaria que um número maior de pessoas percebesse quanto o reino de Deus tem a oferecer. O motivo de poucas pessoas entenderem o significado do Pacto de Domínio é que muitas não conhecem o valor verdadeiro do reino de Deus. Não sabem o que exatamente devem representar neste mundo.
O corpo de Cristo, em geral, concentra-se mais no conceito de igreja que no conceito do reino. Há muitas pessoas que não demonstram de modo visível oque Deus significa para elas. Não promovem satisfatoriamente o reino de Deus.
Um dos motivos é que a igreja se dedicou a templos e programas em vez de ensinar homens e mulheres a terem acesso à autoridade do reino.
Temos igreja, mas não vivemos a experiência do reino. Se nossas igrejas não pautarem suas ações com base na mentalidade do reino, os cristãos não serão ensinados a ser a igreja do reino que Cristo veio edificar. Aliás, Jesus só mencionou três vezes a palavra igreja em seu ministério terreno, e as três vezes estão registradas em Mateus, o evangelho focado no reino. A palavra reino, no entanto, aparece 55 vezes no mesmo evangelho.
É comum ouvirmos mais sobre a igreja que sobre o reino. “Plantamos igrejas” em vez de promover o reino. Nossos seminários ensinam nossos futuros líderes a fazer igreja em vez de ser do reino. Mas não podemos ter igreja sem o reino, e o reino cumpre seu programa de ação por meio da igreja. No entanto, sem um ensinamento visível e preciso sobre a maneira pela qual se vive como homens e mulheres do reino, não saberemos viver nosso propósito na prática.
No Novo Testamento, a palavra grega para “reino” é basileia, que significa “autoridade” e “domínio”. O reino sempre inclui três componentes: um rei, um círculo de súditos sob seu domínio e os governadores (ou administradores). O reino de Deus é a realidade absoluta de “seu domínio completo sobre toda a criação”. O programa de ação do reino é simplesmente “a demonstração visível do domínio completo de Deus sobre cada área da vida”.
O reino de Deus transcende o tempo, o espaço, a política, as denominações, as culturas e as esferas da sociedade. Está próximo(Mc 1.15) e, ao mesmo tempo, ainda demorará um tempo (Mt 16.28); está perto (Lc 17.21) e também distante (Mt 7.21). Os domínios do reino incluem a pessoa, a família, a igreja e o governo civil. Deus apresentou diretrizes para o funcionamento desses quatro domínios, e o não seguimento de tais diretrizes resulta em confusão e prejuízos.
O principal componente sobre o qual todos os outros se sustentam é a autoridade do rei. Sem essa autoridade, ocorre a anarquia. Sabendo disso, Satanás fez questão de garantir que seu primeiro passo fosse tentar, de maneira sutil e enganosa, destronar o Rei deixando de usar a palavra Senhor como Deus usou quando se referiu a si mesmo no início de Gênesis. Yahweh, traduzido por “SENHOR Deus”, significa“ mestre e governador absoluto” e é o nome que Deus usa para revelar não apenas a si próprio como também seu relacionamento conosco. Antes de revelar-se aos seres humanos, Deus foi apresentado como Elohim, o poderoso Criador.
Quando se dirigiu a Eva para tratar do consumo do fruto proibido, Satanás não se referiu a Deus como SENHOR Deus. Na verdade, ele omitiu o nome SENHOR em Gênesis 3.1: “Foi isto mesmo que Deus disse…?”. Satanás tentou reduzir o domínio de Deus, iniciando o diálogo com uma distorção sutil, porém eficaz, do nome de Deus. O objetivo de Satanás ao agir assim foi confundir Eva a respeito da definição e da ordem vigente no reino de Deus.
Quando comeram do fruto, em um ato de desobediência, Adão e Eva escolheram mudar o conceito que tinham de Deus, desconsiderando sua característica de Mestre e Rei. O resultado foi que eles perderam a comunhão íntima com Deus e entre si. Felizmente, na cruz, Jesus Cristo restaurou essa comunhão íntima por meio de seu sacrifício imaculado e sua ressurreição. Agora, podemos ter uma comunhão direta com Deus, sem nenhum obstáculo, graças ao ato sacrificial de Cristo. Isso, contudo, ocorre somente quando nos submetemos a Deus como SENHOR Deus — o Mestre e Rei. Portanto, a mulher do reino pode ser definida como “a mulher que se coloca sob a autoridade de Deus e age de acordo com essa autoridade em todas as áreas de sua vida”.
Eva deu um passo errado quando decidiu agir por
conta própria em vez de obedecer à ordem de Deus. Muitas mulheres de hoje ainda lutam com a questão de transferir a alguém o controle de sua vida e, dessa forma, ficam expostas a sofrimento, perda e caos. No entanto, pela graça e misericórdia de Jesus Cristo, toda mulher pode submeter-se a Deus e ter uma vida transformada.
Assim como Eva, nós, mulheres, temos a tendência de passar mais tempo analisando o que não somos ou o que não temos em vez de reconhecer quem somos e para que fomos criadas. A vitória de Satanás sobre Eva começou muito antes de ela ter comido do fruto. A mordida foi apenas o ponto culminante de uma morte que começou quando Eva deu início a uma conversa com o diabo. E é isso que fazemos com frequência. Mantemos o foco nas áreas de nosso “jardim” (nosso domínio ou campo de ação) que parecem fora de alcance ou controle. Pegamos a semente do descontentamento oferecida pelo diabo e comunicamos à nossa alma nossa insatisfação, infelicidade ou nosso aborrecimento.
Assim como Eva, temos uma escolha: acreditar no que a Palavra de Deus diz sobre quem somos e para que fomos criadas, ou alimentar as mentiras plantadas pelo inimigo de nossa alma e cultivadas pela cultura na qual vivemos. Romanos 10.17 diz que “a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”. E é disso que este livro trata: ouvir (e ler) o que Deus diz sobre quem você é como mulher criada para a glória divina.
Desejo ser a mulher que ele intencionou que eu fosse quando me criou — não a mulher que eu mesma gostaria de ser ou a mulher que o mundo diz que devo ser. Sinto grande alegria ao pensar no projeto detalhado e no complexo esforço de que Deus lançou mão quando me fez. Estou muito contente por não ter de ser outra pessoa. Tenho de ser a mulher que Deus quer que eu seja.
Você não precisa buscar a aprovação de ninguém para a vida que Deus lhe deu. Não precisa desculpar-se pela força, pela firmeza, pela coragem, pelo talento, pela beleza ou pelo intelecto que seu Criador lhe concedeu. Mulheres, todas nós “somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef 2.10).
Mulher do reino. Não é fácil andar o dia inteiro com aqueles sapatos vermelhos com salto de dez centímetros. Mas o primeiro olhar pode ser enganador. O sapato certo feito pelo projetista certo e com os materiais certos não deve apenas caber em seu pé. Precisa ser confortável! Deus elaborou um plano e um propósito para você. Você não apenas foi feita “de modo especial e admirável” (Sl 139.14); foi criada à imagem de um Deus radiante e majestoso, cheio de beleza e esplendor. Portanto, use a glória dele corretamente. Ande nos caminhos dele.
Mais que auxiliadoras
Há um ditado antigo que diz: “As mulheres que querem ser iguais aos homens não têm ambição”. Pense nisso por um instante, porque não quero que você perca a força dessas palavras. Muitas mulheres foram ensinadas a pensar dessa maneira porque Deus considerou a mulher “auxiliadora de Adão”, o que tornaria as mulheres “menos importantes” que os homens. As mulheres costumam ouvir que devem ser semelhantes ao Espírito Santo em sua função de “auxiliador”. No entanto, um olhar mais atento à palavra hebraica usada para “auxiliador/ajudador” na Bíblia deve abrir-lhe os olhos.
No relato da criação, as palavras hebraicas traduzidas por “alguém que o auxilie” são importantes por se mostrarem surpreendentemente poderosas. São elas: ezer e kenegdo. A palavra ezer aparece 21 vezes no Antigo Testamento e refere-se à mulher em apenas duas ocasiões. Os outros usos referem-se a ajuda [ou auxílio/socorro] que vem diretamente de Deus, o Pai.
Veja alguns exemplos:
Não há outro, ó amado, semelhante a Deus, que cavalga sobre os céus para a tua ajuda [ezer].
Deuteronômio33.26, RA
Nossa esperança está no SENHOR; ele é o nosso auxílio[ezer] e a nossa proteção.
Salmos33.20
Quanto a mim, sou pobre e necessitado; apressa-te, ó Deus. Tu és o meu socorro [ezer].
Salmos 70.5
O nosso socorro [ezer] está no nome do SENHOR, que fez os céus e a terra.
Salmos124.8
Para distinguir ezer de outros usos no Antigo Testamento, que se referiam a uma ajuda mais forte proporcionada por Deus, foi acrescentada a palavra kenegdo, que significa literalmente “diante de sua face, em sua visão ou propósito”. Alguns traduziram kenegdo também com o significado de “uma conclusão de” ou “correlativo a”. Como você pode ver, o nome que Deus deu a Eva não se refere a uma função de subserviência, de criada ou de escrava. A função dela era de forte auxiliadora, comparável à função de Deus, o Pai.
Muitas pessoas consideram a Bíblia um livro escrito com uma visão pessimista acercadas mulheres ou sob uma perspectiva que as menospreza. Charles Templeton, que um dia foi evangelista e depois começou a duvidar da Bíblia, declarou sucintamente esta opinião em Farewell to God [Adeus a Deus]: “Na Bíblia, as mulheres são criaturas secundárias e relativamente sem importância”; “Na maioria das expressões básicas do cristianismo, as mulheres permanecem submissas e subordinadas aos homens”.21 Aqueles que, como Templeton, acham que as Escrituras foram criadas como reflexo de uma visão do mundo misógina, que oprime e nega o valor das mulheres, desconhece, é claro, a linguagem e o contexto originais.
No entanto, a palavra que Deus decidiu usar para O propósito e a intenção da mulher é a mesma usada para referir-se a ele próprio como a principal pessoa da Divindade. Deus não se esquiva de referir-se a si mesmo ou de definir-se por meio do uso de palavras ou imagens retóricas femininas. Veja alguns exemplos:
Deus como uma mulher em trabalho de parto (Is42.14).
Deus como parteira (Sl 22.9-10; 71.6; Is 66.9).
Deus como uma mulher que procura uma moeda perdida (Lc 15.8-10).
Deus como uma mãe ursa (Os 13.8).
Deus como uma mãe que: cuida dos filhos (Nm 11.12);
não se esquece dos filhos (Is 49.14-15); consola o filho (Is 66.13);
dá à luz Israel e o protege (Is 46.3-4); chama, carrega, cura e alimenta os filhos (Os 11.1-4);
reúne os filhos como uma galinha (Mt 23.37);protege sua prole (Sl 17.8; 36.7; 57.1; 91.1-4).
Na verdade, Deus não usa a terminologia e a imagem retórica femininas apenas para transmitir os preceitos espirituais mais importantes. Em toda a Bíblia, a principal referência à igreja também usa terminologia feminina (por exemplo, a noiva de Cristo).
Quando escolheu usar Maria como exemplo de discipulado pessoal, Jesus a estabeleceu de maneira tal que contrariava as normas culturais da época no que se referia às mulheres. Em vez de preservar a perspectiva cultural de que as mulheres deviam cuidar das tarefas da casa na cozinha, como Marta estava fazendo, Jesus declarou especificamente que Maria escolhera a melhor parte ao participar do estudo teológico aos pés dele, o Cristo. Naquela época, somente os homens aprendiam aos pés de um rabino. Jesus respeitou a decisão de Maria como mulher e, mais ainda, a elogiou.
Na verdade, Deus tem as mulheres em tão alta estima que ignora a oração de um homem que não as respeita como co-herdeiras no reino de Deus (1Pe 3.7).
Foi Deus quem criou a mulher, e não Adão. A criação da mulher por Deus não resultou de um pedido de Adão. Não foi Adão quem disse que necessitava de alguém em sua vida. Ao contrário, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Deus viu a aparente necessidade de uma companheira que auxiliasse Adão na realização do Pacto de Domínio; portanto, criou uma ezer kenegdo. Adão não teve participação alguma na criação de Eva, a não ser tirar um cochilo.
O primeiro chamado de Eva foi para obedecer a Deus, isto é, cumprir o propósito divino para sua vida, que, naquele caso, era auxiliar Adão. A função de Eva como auxiliadora não era tão somente uma questão de companheirismo; incluía também um papel importante como colaboradora na ordem dada por Deus para que dominassem a criação.
No entanto, hoje muitas mulheres — por causa do divórcio ou por falta de um homem do reino que lhes sirva de marido — não têm um Adão a quem possam auxiliar. Se você é uma dessas mulheres, tenha coragem e sinta orgulho de seu chamado, porque Deus é seu propósito, e isso lhe basta. Você foi feita para ele. Deus disse:
“Pois o seu Criador é o seu marido, o SENHOR dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel é seu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra. O SENHOR chamará você de volta como se você fosse uma mulher abandonada e aflita de espírito, uma mulher que se casou nova apenas para ser rejeitada”, diz o seu Deus.
Isaías 54.5-6
Quer você seja casada, quer Deus seja seu marido (Is 54.5), seu valor excede o de qualquer tesouro. Uma das verdades mais importantes na qual você precisa acreditar refere-se a seu valor. Você é importante. Você é valiosa. Você vale mais que as joias. Como mulher do reino que teme ao Senhor, guarde seu valor. Para isso, certifique-se de que a visão que tem de si mesma está de acordo com o valor que Deus lhe dá. Faça o possível para assegurar que as outras pessoas a tratem com dignidade. Você deve ser tratada como um tesouro, e não como alguém para ser jogado fora ou usado.
Entendo que há situações nas quais você não será capaz de controlar a maneira como é tratada, mas isso não significa concordar com a situação. Você não tem de aceitar internamente que alguém desonre sua imagem. Isso não deve afetar sua visão de quem você é. Eleanor Roosevelt disse: “Ninguém pode fazer você sentir-se inferior sem seu consentimento”.
Você é, em primeiro lugar e acima de tudo, uma mulher do reino criada para a obra de Deus. Sua vida, por meio da força sustentadora que ele lhe proporciona, deve ser a de uma pessoa de muito propósito, grande poder espiritual e inúmeras possibilidades.
Quando a mulher do reino se retira para dormir, o diabo, frustrado e exausto, deve dizer: “Mexi com a mulher errada hoje”. Não há nada como uma mulher do reino que vence as tentativas do inimigo de complicar sua vida e a vida das pessoas que ela ama.
Não há nada como uma mulher do reino que tem êxito em encontrar e cumprir o propósito para o qual Deus a criou.
Não há nada como uma mulher do reino em sua plenitude.
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